No terceiro trimestre de 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) baiano registrou expansão de 0,6%, na comparação com o mesmo período de 2013. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, houve retração de 1,7%, desaceleração que é habitual no ritmo de atividade entre o 2º e 3º trimestre. Com o resultado trimestral, a estimativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI/Seplan) é de que o PIB baiano feche o ano de 2014 com expansão de 1,5%.

O baixo crescimento do terceiro trimestre na Bahia foi determinado basicamente pela redução no ritmo de expansão da agropecuária e pela retração no setor industrial, a qual foi influenciada pela queda tanto na produção da indústria de transformação quanto na construção civil.

Já com relação ao PIB do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve variação negativa de 0,2% no mesmo período. Contribuíram para tal resultado a queda do valor adicionado a preços básicos (-0,1%) e a variação negativa dos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios (-1,3%). Na comparação com o trimestre imediatamente anterior (ajuste sazonal), foi observada expansão de 0,1%. A estimativa do Banco Central para o PIB Brasil em 2014 é de 0,2%.

“Embora a Bahia continue crescendo acima da média nacional, continue gerando empregos, o ritmo de crescimento da atividade econômica estadual vem diminuindo, impactada pela retração da indústria e pela diminuição do ritmo de crescimento do consumo”, afirma Geraldo Reis, diretor geral da SEI. “A economia baiana cresceu cerca de 4,1% em 2011, frente à taxa de 2,7% para o Brasil. Em 2012, as taxas da Bahia e Brasil foram respectivamente 3,9% e 0,9%. Já em 2013, registramos incremento de 3,0% e 2,3%, respectivamente, para o estado e o país. E em 2014, chegamos à estimativa divulgada hoje, de 1,5% para a Bahia e 0,2% para o Brasil”.

Segundo o diretor da SEI, “mesmo com essa desaceleração, enxergamos uma perspectiva positiva em médio prazo para nossa economia em face do processo de maturação de projetos estruturantes nas áreas de infraestrutura, logística e atividades industriais, a exemplo da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste Leste), dos pólos Acrílico e Naval, mineração e energia eólica”, lembra.

A avaliação de Geraldo Reis é de que “a Bahia deverá estar bem posicionada em um novo contexto de retomada de crescimento da economia nacional, após os ajustes que deverão ocorrer em 2015”.

Agropecuária

No 3º trimestre de 2014, a agropecuária apresentou expansão de 7,2% na Bahia, na comparação com o mesmo período do ano anterior, acumulando, no ano, expansão de 13,0%. A expansão do setor agropecuário deve-se à recuperação de parte das lavouras, que, até a safra anterior, vinha sofrendo bastante com a seca que atingiu o estado.

Dentre as principais culturas cultivadas no estado, apenas a cana-de-açúcar registrou queda no período (-0,9%). A safra de grãos aponta crescimento de 28,6%, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), onde a maior expansão foi observada na produção de milho (49,3%), seguida pelo feijão (23,6%), algodão (18,4%) e soja (16,4%). Para o Brasil, verificou-se variação positiva de 0,3% no setor, no terceiro trimestre de 2014.

Indústria

O setor industrial foi o principal destaque negativo da atividade econômica no terceiro trimestre, com queda de 3,1%, enquanto que no Brasil houve queda de 1,5%. O desempenho negativo foi determinado, sobretudo, pela dinâmica da indústria de transformação e da construção civil. No que concerne ao segmento de transformação baiano, observou-se, no período, retração de 5,6%. Ao longo do ano, a indústria de transformação baiana vem exibindo taxas negativas, acumulando, entre janeiro e setembro, queda de 5,4%, conforme os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE). Segundo a PIM, os segmentos que mais contribuíram para essa retração foram os de veículos automotores (-40,4%), equipamentos de informática (-41,4%) e metalurgia (-5,9%).

A construção civil também apresentou retração no terceiro trimestre (-4,1%). Essa retração está associada a um menor nível de lançamentos imobiliários e não foi maior por conta das obras de infraestrutura no âmbito da administração pública. Também houve retração no segmento de extração mineral, onde a produção de petróleo teve queda de 3,0%, determinando a taxa negativa da atividade.

Ainda dentro da indústria, apenas o segmento de produção, distribuição e comercialização de água, energia elétrica, gás e esgoto registrou expansão na comparação trimestral (7,5%). Esse crescimento foi determinado pelo aumento no consumo de energia industrial – neste caso influenciado pela baixa base de comparação do ano anterior – e pelo aumento na geração de energia elétrica, particularmente pelo avanço na geração de fontes eólicas.

Serviços

O setor de serviços registrou expansão de 1,9%, puxado, sobretudo, pela ligeira recuperação da Administração Pública (1,9%) e pelo setor de transportes (5,8%). Com relação a este último, o crescimento foi determinado pela movimentação de cargas de transporte de produção da lavoura com destino à exportação e ainda aos reflexos da movimentação de passageiros ocorrida por conta do evento da copa do mundo. No mesmo período, a atividade comercial registrou ligeira expansão de 0,4%.

No Brasil, o valor adicionado de Serviços registrou aumento de 0,5% no período, na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para transporte, armazenagem e correio (1,8%), seguido por administração, saúde e educação pública (1,0%). Já no comércio (atacadista e varejista), por sua vez, houve queda de 1,8% no terceiro trimestre do ano.

Perspectiva 2015

Segundo a equipe de Contas Regionais da SEI, as perspectivas para a economia baiana no ano de 2015 estão atreladas ao tamanho do ajuste na economia brasileira, tendo os investimentos em infraestrutura papel decisivo nesse processo de desenvolvimento e inclusão social.

Estimando que a economia mundial tenha no ano de 2015 uma assimetria no seu crescimento, teremos a China com 6,5% – ainda abaixo da média de 7,0%; os Estados Unidos com crescimento forte de 3,0%, mas salário real abaixo dos níveis anteriores à crise de 2008; a Zona do Euro crescendo apenas 1,1% e o Japão mantendo uma longa trajetória de crescimento baixo em 1,0%. Esse desempenho da economia mundial sinaliza para a continuidade de baixa nos preços das commodities com reflexo na balança comercial brasileira.

O objetivo da economia nacional é recuperar a confiança dos agentes econômicos, principalmente para a retomada dos investimentos. Portanto, a continuidade dos investimentos previstos para a Bahia pode mais uma vez assegurar crescimento acima da média nacional. Se esta recuperação se dará de forma gradual, a tendência é que exista uma manutenção do emprego e da renda com crescimento baixo, em torno de 1,0%. Caso haja um choque no ajuste da política econômica o resultado provável é o desemprego e a recessão. Um ajuste econômico se faz indispensável para se preparar o país para uma taxa de crescimento mais elevada a partir de 2016, o que garantiria um crescimento baiano mais robusto a partir de 2016, acompanhando a dinâmica nacional e provável recuperação sustentável da economia mundial.