Com mais de 80% do corpo atingido por queimaduras de 2º e 3º graus, a menina N.S.S., 7 anos, foi submetida nesta sexta-feira (28) a um transplante de pele no Hospital Geral do Estado (HGE), onde está internada desde junho, após sofrer queimaduras na face, tronco e membros superiores e inferiores. Vítima de acidente doméstico com álcool, a criança recebeu o primeiro atendimento em Irará, onde mora, e foi transferida para o HGE. Na unidade, ela já foi submetida a duas etapas de enxertia (colocação e enxerto com a própria pele) entre outros procedimentos.

A cirurgia durou cerca de seis horas. O coordenador da equipe que realizou o procedimento, médico cirurgião Carlos Briglia, disse que ocorreu tudo dentro do esperado. “Tivemos um ótimo resultado nesta que foi uma importante etapa do tratamento da criança que ainda prosseguirá”.

A criança foi a primeira paciente a receber o aloenxerto, procedimento que utiliza pele oriunda de doação de órgãos e tecidos na unidade hospitalar. Para viabilizar a cirurgia, foi usada pele disponibilizada pelo Banco de Pele de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), já que a Bahia ainda não possui esse serviço. Até agora, esse tipo de transplante só havia sido realizado no Hospital Universitário Professor Edgar Santos (Hupes).

O transplante de pele é indicado em casos de queimaduras e também quando há perda de substâncias da pele por tumor ou trauma. Entre os problemas mais comuns, que podem ocorrer na implantação do enxerto, estão seroma, hematomas e infecções. Para viabilizar procedimentos dessa natureza na Bahia, sem precisar recorrer a outros estados, o coordenador Estadual do Sistema de Transplantes, Eraldo Moura, explica que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) está trabalhando para implantar um Banco de Multitecidos (pele, osso e válvulas cardíacas), que será financiado com recursos do Ministério da Saúde (MS).

De acordo com ele, outro passo importante é o credenciamento de equipes e serviços para realizar o transplante. Moura ressaltou que atualmente o Estado faz transplantes de tecidos – osso, córnea, medula óssea e pele – e de órgãos como rim e fígado. O Hospital Ana Nery já está credenciado para transplante cardíaco e de pulmão.