Considerado mais avesso a cuidar da saúde, o homem pode ter na parceira apoio para vencer essa resistência, principalmente quando o assunto é a próstata. E pode ser um apoio importante para a parceira quando o assunto é câncer de mama, com a prática de um toque mais atento. As duas questões foram tratadas nesta quarta-feira (12) no Hospital Geral Roberto Santos (HRGS), que sediou o evento ‘Outubro Rosa, Novembro Azul’, com palestras e debates sobre os temas.

Mesmo enfocando o tema ‘Doenças prostáticas’, o médico urologista Paulo Cerutti Franciscatto, do HGRS, disse que o Novembro Azul é um alerta para a saúde do homem como um todo, não apenas da próstata. “Novembro é o mês do homem, mas, como os problemas da próstata são mais frequentes do que se imagina, a abordagem acaba centralizada nela”. Franciscatto conduziu uma palestra mais de ordem técnica, baseada tanto na literatura médica como na sua experiência clínica.

Abordando desde as doenças benignas e malignas e os tipos de tratamento às condutas dos profissionais de saúde frente a um paciente que, por medo ou preconceito, chega a mentir sobre os sintomas, o especialista ressaltou a importância do acompanhamento médico anualmente, principalmente quando o homem vai avançando em idade. “Envelhecimento é a principal causa do câncer de próstata e as chances aumentam muito com a idade. Se o homem chegar a 100 anos, tem 100% de chance de desenvolver o câncer”, disse Franciscatto.

Atento aos ensinamentos transmitidos pelo urologista, Fernando Souza Santos, representante do Sindicato dos Vigilantes, garante que faz seus exames todos os anos e fez questão de participar da palestra. “Nosso sindicato tem 25 mil vigilantes, vou repassar as informações para eles”, disse ele, que mostrou interesse em também encaminhá-los a um mutirão. “Ideal é o acompanhamento anual, e qualquer médico, não só o urologista, pode fazer isso”, orientou Franciscatto, acrescentando que o homem não deve esperar surgir um sintoma para ter essa iniciativa.

Alteração nos seios

Repetindo uma parceria com as coordenações de Educação Permanente em Saúde e de Recursos Humanos, promotoras do evento, o cirurgião geral e mastologista George Luiz Trindade Costa voltou ao HGRS para falar de um assunto pouco abordado pelos profissionais de saúde – a participação masculina na prevenção e detecção precoce do câncer de mama nas mulheres. Essa participação se dá com o chamado ‘hetero exame’, quando o toque da ‘mão amante’ é capaz de perceber uma alteração nos seios femininos.

“A mama é um órgão erótico. O toque cuidadoso do homem pode salvar a vida da sua companheira”, cita o mastologista. Ele conta que pensou na campanha pelo ‘hetero exame’ quando percebeu que, no consultório, muitos homens ficavam constrangidos quando perguntados se não haviam percebido alterações nos seios das parceiras.

Assim como o auto-exame, feito pela mulher, o ‘hetero exame’ é importante para detectar precocemente uma doença responsável por cerca de 500 mil mortes por ano e que tem acometido inclusive mulheres jovens, com menos de 40 anos, como observou o mastologista. Segundo George Costa, a incidência de câncer de mama é muito alta. “Os dados estatísticos são assustadores. Em cada 100 mulheres, 12 terão câncer de mama e duas morrerão por conta da doença”.