Alimento rico em propriedades medicinais, o mel é um produto proveniente da criação das abelhas africanizadas (apicultura) e das abelhas sem ferrão (meliponicultura), culturas que vêm se firmando na Bahia. O estado é o terceiro maior produtor de mel de abelhas africanizadas do Nordeste, com produção anual de mais de 600 mil toneladas. Conforme levantamento da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), este número é resultado do trabalho de oito mil agricultores familiares baianos, que vivem da criação e manejo destas abelhas. Até 2015, a meta da EBDA é formar 11 mil famílias rurais na apicultura.

Os municípios de Alagoinhas, Itaberaba, Itabuna, Irecê, Jequié, Juazeiro, Jacobina, Teixeira de Freitas, Ribeira do Pombal e Jequié são destaques na produção do mel. Outra referência é a Comunidade de Boa Vista, no município de Santa Bárbara, responsável pela produção de 2.450 litros de mel, a cada três meses. “Já cheguei a colher 300 litros de mel em dois meses”, conta o apicultor Juracir Fisnando, que mantém 350 colmeias junto com 40 famílias da comunidade.

Laboratório de Abelhas

De acordo com a farmacêutica e pesquisadora da EBDA, Alvanice Lins, o órgão oferece aos apicultores e meliponicultores os serviços de análises físico-químicas de mel, pólen, própolis e extrato de própolis, por meio do Laboratório de Abelhas (Labe), localizado em Salvador. A empresa também testa a qualidade do mel, com a emissão do laudo que qualifica o produto para venda.

Além dos serviços de controle da qualidade dos produtos, o Labe desenvolve pesquisas aplicadas visando o desenvolvimento de tecnologias e processos como a desidratação do pólen de abelhas sem ferrão como a uruçu, (Melipona scutellaris), além da identificação de propriedades terapêuticas e nutricionais do pólen para que o produto seja comercializado pelos agricultores. “A desidratação correta do pólen vai garantir ao agricultor produto com maior tempo de prateleira e reduzir o risco de contaminação”, enfatiza Alvanice.

Qualidade e boas práticas

O Laboratório de Abelhas, criado em 1984, foi reestruturado e requalificado em 2005 com base na gerência da qualidade e boas práticas de laboratório. Tem como objetivo a sustentabilidade da criação de abelhas, baseada na conservação do meio ambiente para manter a segurança alimentar e nutricional das famílias de agricultores familiares e das comunidades tradicionais.

O Labe também desenvolve trabalhos de Pesquisa e Inovação (P&I) voltados para a geração de produtos, como o material de referência para mel de abelhas africanizadas (Apis mellifera), além de realizar o manejo sustentável de abelhas sem ferrão e a identificação de abelhas por meio da Coleção Entomológica Moure e Costa (CEMeC), que apresenta espécies representativas da fauna de abelhas da Bahia.