Em comemoração ao Dia Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, foi realizada na Praça 2 de Julho (Largo do Campo Grande), em Salvador, a 2ª Feira Baiana de Inclusão. A ação da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado (SJCDH) foi promovida pela Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Coede) e pela Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Sudef) e atraiu dezenas de pessoas na tarde desta sexta-feira (5).

Atividades socioeducativas foram realizadas no local, incluindo exposição de artesanato, brechós e apresentações culturais. Durante a feira, pessoas com deficiência também realizaram uma caminhada ao redor da praça. Para completar, ainda foram oferecidos serviços como orientações do Procon sobre Direito do Consumidor e solicitação do cartão do Passe Livre, que garante isenção da tarifa nos transportes públicos.

“Este é um evento para lembrar a sociedade que as pessoas com deficiência existem, para dar visibilidade a elas. No mundo, somos mais de 600 milhões. Estamos mostrando à sociedade que pessoas com deficiência têm os mesmos direitos que as outras”, explica Alexandre Carvalho Baroni, superintendente da Sudef.

Para a secretária estadual da Justiça, Aricelma Pereira, a iniciativa é fundamental para a melhoria da autoestima das pessoas com deficiência. “Aqui estão pessoas que lutam diariamente, todas juntas, expondo seus trabalhos e mostrando seus valores”.

Superação

Aos 31 anos, o enfermeiro Rafael Medeiros também participou das comemorações. Ele expôs o livro que escreveu sobre sua vida, desde o momento em que perdeu o movimento das pernas num acidente de carro. “Sou cadeirante por causa de um acidente de carro, no qual perdi minha mãe, minha irmã e um primo. Nessa época eu ainda fazia faculdade. Como tinha perdido meu pai sete anos antes, fiquei sem ninguém. Cheguei a pensar em cometer o suicídio, mas tive suporte de um antigo professor para dar a volta por cima. [Me] Formei em enfermagem, passei em concursos e escrevi esse livro para mostrar que, apesar da dificuldade, é possível encarar os problemas e sair vencedor”.

Quem também marcou presença na feira foi a escritora Luíza Câmera, uma das mais antigas militantes do país em relação às questões dos direitos das pessoas com deficiência. Ela é paraplégica, tem duas filhas e é uma defensora da possibilidade de cadeirantes engravidarem. “Tive minhas filhas na cadeira de rodas. Durante a gravidez peguei uma doença que me tirou alguns movimentos, inclusive das pernas. Muita gente duvidou que minhas filhas eram minhas. Depois disso, escrevi o livro sobre minha história, que foi premiado e está na décima edição”, conta ao mostrar a publicação.

Na Bahia, são mais de 3,5 milhões de pessoas com deficiência. O jornalista Hugo Gonçalves é uma delas. Ele tem síndrome de Asperger, mas nada que o impeça de levar uma vida normal. Na tarde desta sexta, teve a oportunidade de visitar a feira e gostou do que viu. “É através da difusão de informações que os deficientes alcançam a inserção social, cultural e econômica”.