Em parceria com a Associação de Mulheres Usuárias dos Serviços de Saúde Mental, o Serviço Social das Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA) promoveu, nesta terça-feira (2), uma roda de conversa sobre a violência doméstica contra as mulheres com transtornos mentais. A agenda faz parte das atividades que celebram os ‘16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher’, que começaram em 25 de novembro e seguem até o dia 10 deste mês. Já foram debatidos outros temas como tráfico de pessoas, a Lei Maria da Penha e políticas públicas de gênero. As ações acontecem em 159 países com o objetivo de garantir os direitos humanos das mulheres.

O evento, realizado na sede das VSBA, no Campo Grande, reuniu mulheres e familiares de usuárias do serviço de saúde, voluntárias,  e recebeu a psiquiatra do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Mônica Nunes. O objetivo foi trocar experiências e conscientizar as pessoas sobre as mais diversas manifestações de violência, que vão além das agressões físicas, mas passam por outros tipos – sexual, moral, psicológica, entre outras.

Segundo a pesquisadora, em seu cotidiano de estudo da saúde mental, é inevitável deparar-se com diversas situações de violência, até mesmo institucional, que acontecem em hospitais, centros de tratamento e que merecem atenção também. “As mulheres com transtornos psíquicos se encontram numa situação de vulnerabilidade e espaços de debate, como o criado em Salvador, são importantes em muitos aspectos. Isso é um sinal de que as mulheres estão se organizando e, juntas, podem responder melhor a essas questões. O testemunhos podem incentivar outras mulheres a se engajar também nesse movimento”.

Estigma e preconceito

Muitas das convidadas para o debate fazem parte da Associação de Mulheres Usuárias dos Serviços de Saúde Mental de Salvador, como a coordenadora do grupo, Edisleide Santos, que acredita no grupo como prova da capacidade de portadores de transtornos mentais. “O estigma e o preconceito com a loucura são muito maiores do que a própria doença, e, por isso, nosso papel aqui é conscientizar a sociedade sobre a nossa aptidão de um convívio social saudável e mostrar às pessoas como queremos ser tratadas”.

Apoiador de diversas iniciativas, o grupo das Voluntárias Sociais da Bahia se envolveu com a causa depois de uma demanda surgida na própria instituição, de mulheres com transtornos mentais que pediam ajuda, como relatou a coordenadora do Serviço Social das VSBA, Tânia Nogueira. “Apoiamos a causa depois que nos deparamos com a realidade dessas mulheres, que sofriam diversos tipos de violência. Acreditamos que esse trabalho pode ir além, e agora estamos tentando organizá-las através da economia solidária para que trabalhem e garantam seu sustento, vivendo a cidadania plena que merecem”.