Foto: Divulgação/Ascom HGRS

Com o objetivo de reduzir em 30% a mortalidade materna, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, está participando do projeto Todas as Mães Importam. A iniciativa, que tem duração de dois anos, é conduzida pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em parceria com o Institute for Healthcare Improvement, e financiada pelo programa global MSD para Mães.

Com o projeto, espera-se, também, aumentar a adesão para mais de 95% nos pacotes de cuidado de prevenção às condições potencialmente ameaçadoras à vida (CPAVs) e reduzir em 50% a taxa de near miss por causas diretas. Near miss se refere à mulher que quase morreu, mas sobreviveu a complicações graves durante a gestação, parto ou até 42 dias após o término da gestação.

Coordenador da maternidade do HGRS, o médico obstetra Robert Pedrosa lembra que, com a pandemia, houve um aumento no índice de mortalidade materna. “Devemos nos debruçar sobre os casos negativos para a busca de uma melhor assistência a nossas pacientes”, afirma.

De acordo com ele, a ação inicia-se com a avaliação de todo fluxo de atendimento do Hospital Roberto Santos, com a ideia de ajustar alguns fluxos no Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR). “Teremos critérios mais rigorosos na observação das pacientes e modificaremos, inclusive, o acolhimento às mulheres vítimas de violência”, acrescenta o representante médico do HGRS no projeto Todas as Mães Importam.

Foto: Divulgação/Ascom HGRS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que cerca de 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo. As estatísticas sobre a mortalidade materna têm sido apontadas como o melhor indicador da saúde da população feminina e, consequentemente, a melhor ferramenta de gestão de políticas públicas voltadas para diminuição dos índices apresentados.

As complicações maternas graves definidas como CPAV representam 75% de todas as mortes maternas. Cerca de 92% dos óbitos estão relacionados a causas evitáveis que podem ser diagnosticadas no pré-natal precoce.

Na Bahia, no período de 2016 a 2020, foram notificados 25.741 óbitos de mulheres em idade fértil. Desse total, 2,4% (621/25.741) são óbitos maternos (causas obstétricas diretas e indiretas). A Razão da Mortalidade Materna (RMM) analisada para o mesmo período foi de 62,4 mortes por 100.000 Nascidos Vivos (NV), índice considerado alto segundo parâmetro da OMS.

Uma lista com um resumo das condições potencialmente ameaçadoras à vida foi elaborada pelo Grupo de Trabalho da OMS em Mortalidade Materna e Classificação de Doenças. Cinco condições potencialmente ameaçadoras à vida serão acompanhadas no projeto: hemorragia pós-parto grave, pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia, sepse/infecção sistêmica grave, abortamento e rotura uterina.

Foto: Divulgação/Ascom HGRS

A análise temporal da mortalidade materna na região Nordeste e na Bahia durante os anos de 2016 a 2020 demostrou aumento expressivo no ano de 2020, com a taxas de 79% e 81,1%, respectivamente. Observou-se o predomínio de óbitos maternos entre mulheres de raça/cor parda (56,9%), seguida da preta com 16,3%. Com relação aos tipos de causa obstétrica, a maior parte dos óbitos foram devido a causas diretas (64,7%), sendo os transtornos hipertensivos a segunda maior (22,9%).

Fonte: Ascom/HGRS