Programa Bahia Sem Fome. Foto: Mateus Pereira/GOVBA

A Inteligência Artificial (AI) terá um papel fundamental no acompanhamento das políticas públicas de combate à fome na Bahia. Durante realização do workshop Ciência na Mesa, no final do mês passado, no Centro Tecnológico da Bahia, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Cândido, disse que a Inteligência Artificial vai ajudar na definição, regulamentação, implantação e acompanhamento das políticas públicas relacionadas com a fome e insegurança alimentar.

Vice-coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Combate à Fome, Cândido apresentou estratégias para a realização do direito humano à alimentação adequada, com uma abordagem transdisciplinar de sistemas alimentares e apoio da Inteligência Artificial. A ideia do INCT (um dos 58 divulgados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como resultado final da chamada 58/2022), é conduzir estudos sobre a insegurança alimentar, identificar os determinantes da produção sustentável de alimentos, reduzir os gargalos do abastecimento e da distribuição de alimentos de qualidade, entre outros.

“Todas as etapas precisam ser cumpridas a partir de evidências que demandam indicadores e ferramentas analíticas para uma tomada de decisão. A Inteligência Artificial é imprescindível na avaliação dessas evidências, sendo aplicada desde o planejamento das políticas públicas até a avaliação do seu impacto”, explicou, destacando que mapas, gráficos, árvores de decisão e modelos de otimização são ferramentas usadas para indicar onde estão os produtores de alimentos, as feiras, os mercados. “A partir desse tipo de dado, podemos obter um mapa indicando as regiões que devem ser priorizadas pelas políticas públicas. A Inteligência Artificial pode, então, nos indicar o público-alvo prioritário, a população mais vulnerável”.

Sócrates Santana, coordenador de assuntos estratégicos e da agenda do Bahia Sem Fome na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), também destaca a importância da Inteligência Artificial no combate à fome. Segundo ele, ao mesmo tempo que essas informações são úteis na tomada de decisões, permitem monitorar ao longo do tempo o grau de execução das políticas públicas, obtendo indicadores de resultados das ações adotadas. E é com esses dados que se torna possível estimar custos e benefícios de cada política pública adotada.

“Vamos montar um conjunto de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, tanto para a Secretaria como para a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesb), buscando o desenvolvimento de soluções para esse desafio de combater à fome”, disse Sócrates.

Para o coordenador do Programa Bahia Sem Fome, Tiago Pereira, a Inteligência Artificial vai ser importante em todas as etapas do Programa. “Nessa primeira etapa, ela vai nos ajudar a identificar as organizações sociais que vão atuar na ponta, junto aos que mais precisam. A própria identidade institucional do programa já diz que, para se vencer o flagelo da fome, é preciso ter alimento, que é um direito constitucional, mas ao mesmo tempo é também preciso ter outros aspectos que são relevantes para o desenvolvimento da vida, como saúde, educação, trabalho, renda, meios de produção. As pessoas não querem somente alimentos. As pessoas querem dignidade”, disse Tiago.

Além da USP, o INCT Combate à Fome conta com pesquisadores da Unicamp, UFSCar, Unifesp, UFSJ, UFRGS, UFF, UFG, UFAC, Facamp, UFBA, UFS e Embrapa. 

Fonte: Ascom/Bahia Sem Fome