A nova edição da Série Estudos e Pesquisas (SEP) n. 106, com o título Projeto 7 Municípios: processos históricos diferenciados que geraram menor pobreza, acaba de ser lançada e está disponível gratuitamente no site da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). A publicação apresenta um estudo da pobreza sob a ótica multidimensional e chama atenção por identificar os processos estruturantes que fizeram com que sete municípios baianos de pequeno porte populacional, e com menor densidade relativa de suas atividades econômicas, figurassem entre os municípios com melhores indicadores associados à pobreza. 

A investigação que gerou o Projeto 7 Municípios, o primeiro a ser disponibilizado na Plataforma de Estudos Colaborativos SEIColab, foi estruturada com a colaboração de pesquisadores e especialistas de diversas instituições e tem por objetivo explicar por que Abaíra, Caculé, Ibiassucê, Jussiape, Mucuri, Rio de Contas e Valente estão entre os menos pobres, em termos proporcionais ao total de suas populações, na perspectiva das dimensões analisadas no estudo anterior da SEI intitulado Pobreza na Bahia em 2010: dimensões, territórios e dinâmicas regionais, publicado na Série Estudos e Pesquisas (SEP) n. 97 em 2014. 

Além desse estudo de 2014, a SEI publicou outros trabalhos a respeito da pobreza, cuja leitura é fundamental para a compreensão do que essa nova SEP n. 106 apresenta: a Série Estudos e Pesquisas (SEP) n. 79, publicada em 2008, com o estudo Evolução e Caracterização das Manchas de Pobreza na Bahia, 1991-2000 e a Série Estudos e Pesquisas (SEP) n. 101, publicada em 2017, com base no estudo Manchas de Pobreza e Desenvolvimento Regional na Bahia, realizado em 2015. 

A nova publicação, ancorada em abordagem eminentemente qualitativa, identifica os processos estruturantes que fizeram com que esses pequenos municípios baianos figurassem entre os menos pobres, ao lado dos municípios mais importantes do estado. A SEP ainda analisa se os fatores condicionantes que contribuíram para o desenvolvimento desses sete municípios possibilitariam a identificação da lógica de suas formações sociais e econômicas, bem como avalia as condições passíveis de serem reproduzidas e estimuladas em outras regiões e municípios para a mitigação da pobreza. 

Para uma melhor compreensão das possíveis causas de diferenciabilidade da incidência da pobreza nesses municípios, buscou-se compreendê-los dentro de seus contextos regionais. Nesse sentido, o estudo elaborou um processo de identificação de manchas espaciais, as quais corresponderam a espaços compostos por municípios que compartilham de características comuns, tanto do ponto de vista do desempenho em indicadores sociais e econômicos quanto do ponto de vista da formação histórica local. 

Os processos diferenciados que produziram um desenvolvimento peculiar nas regiões estudadas e especialmente em tais municípios e seu entorno abarcam, por exemplo, a atuação de ONGs, a formação de teias associativistas, cooperativistas, a presença marcante de agentes religiosos com formação social crítica, a influência de lideranças intelectuais da área educacional, da política, de alguns segmentos religiosos e igrejas, a força do capital por meio de grande investimento industrial, dentre outros fatores que são detalhados na SEP, assim como a composição do que se denomina “manchas” na obra – Mancha Sudoeste, Mancha Valente – e o porquê de Mucuri não ter formado mancha.  

Além de conteúdos escritos, a nova SEP conta com mapas explicativos, links que direcionam os leitores para as Rodadas de Discussão realizadas, os nomes dos/as colaboradores/as atuantes nas regiões estudadas ou que se dedicam aos estudos a elas relacionados, entre outros elementos informativos, cujas análises e conclusões reforçam o que a SEI já vinha produzindo sobre o fenômeno da pobreza. Os leitores da SEP 106 podem ainda, por meio dela, acessar a Plataforma SEIColab e enviar novas colaborações a respeito do estudo. 

Publicações como essa ofertam subsídios para novas políticas públicas e melhores tomadas de decisões do ponto de vista governamental com relação à pobreza, capazes de fortalecer o desenvolvimento regional. 

Fonte: Ascom/Sei