Foto ilustrativa: Adriel Francisco

As políticas de incentivo à agricultura familiar, a implantação de mais de um milhão de cisternas no Semiárido e a adoção de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Bolsa Presença, são alguns dos fatores que estão invertendo o fenômeno do êxodo rural e fazendo com que o homem do campo permaneça no campo.

Essa tese, defendida pelo coordenador do Programa Bahia Sem Fome, Tiago Pereira, é baseada em uma pesquisa da Rede Pensann, que indica que os bolsões da fome, na Bahia, estão hoje concentrados nos centros urbanos das grandes cidades, e não mais nas zonas rurais.

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“Isso mostra que as políticas agrárias desenvolvidas pelo Governo do Estado desde 2006 estão dando certo”, avalia Tiago, lamentando, no entanto, os diversos problemas que voltaram a ser vividos pela população nos últimos seis anos, principalmente na macropolítica e na macroeconomia.

“A inflação perversa, o congelamento de gastos, a ausência de recursos para a saúde, educação e assistência social fizeram o Brasil voltar para o mapa da fome”, destacou Tiago.

EFA de Anagé

Como exemplo dos incentivos à agricultura e às comunidades rurais, a Escola Família Agrícola (EFA) de Anagé, município localizado a 560 quilômetros de Salvador, vai inaugurar no mês que vem o seu Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, conhecido como Sistema PAIS. Um dos responsáveis pela implantação da tecnologia na EFA, Renato Evangelista, diretor do Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb), diz que essa tecnologia tem sido fundamental para a geração de renda nas comunidades rurais.

A tecnologia consiste na implantação de um galinheiro, dentro da escola, e, em volta do galinheiro, canteiros de hortaliças. Depois da implantação dos canteiros, é implantado o chamado quebra-vento, onde são introduzidas plantas frutíferas para criar um ambiente confortável para as hortaliças, evitando o vento e até a invasão de insetos que venham a comprometer a produção. “Essas árvores frutíferas, portanto, vão gerar alimentos, também”, explica Evangelista.

“Essa produção de comida de verdade abastecerá a unidade escolar com alimentação saudável e deverá ser replicada nas comunidades rurais”, acrescenta o diretor, destacando que a perspectiva é a inserção de jovens, homens e mulheres, gerando renda nas comunidades.

No início da implantação, a EFA recebe dez galinhas e um galo. A partir disso, todo ciclo produtivo se inicia, com a montagem da estrutura dos canteiros e do pastio das galinhas. “Esse sistema é integrado. O resto de comida da alimentação dos alunos vai para as galinhas, o adubo volta para as hortas, surgem os ovos de galinha, com os ovos se faz um bolo e assim por diante”, conclui Evangelista, lembrando que já existem 115 unidades do sistema PAIS na Bahia, sendo que, no sudoeste do estado, são 14 unidades.

Fonte: Ascom/Bahia Sem Fome