Inauguração do MAC_BAHIA é marcada pela diversidade
Foto: Fernando Barbosa/ IPAC-BA.

Enquanto skatistas realizavam manobras velozes e surpreendentes numa pista de skate montada à frente de um edifício neoclássico de 1912, sob holofotes de luz branca e azul, um caminhão munck (hidráulico) erguia artistas de grafite a seis metros de altura para pintar um enorme mural numa parede. Este é apenas um fragmento da inauguração do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), mais novo equipamento cultural do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), que ocorreu ontem (29), em Salvador.

A exposição Muro no MAC_Bahia conta com a participação de mais de 50 artistas urbanos de Salvador que terão seus trabalhos incorporados ao acervo do museu. Foto: Fernando Barbosa/ Ipac-BA.

Na abertura, compareceram artistas, intelectuais, representantes federais, estaduais e municipais, moradores do bairro e representantes de várias comunidades de periferia de Salvador. O MAC_BAHIA detém jardins, grandes árvores, um casarão centenário (o Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino, tombado pelo Ipac desde 1986) com quatro pavimentos – todos com exposições – e uma edificação contemporânea ao fundo, onde acontece a exposição Agô, de um dos mais prestigiados artistas baianos da atualidade, Ayrson Heráclito.

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Para a diretora-geral do Ipac, Luciana Mandelli, a abertura deste equipamento é resultado de uma construção coletiva, no momento de reconstrução das políticas culturais que o Brasil está vivendo. “Depois de um longo período de terra arrasada, em que fazer crítica e debate estava proibido, estava como um direito cassado e impedido, a decisão de apostar na construção do MAC_BAHIA garante termos lugares onde a gente volte a produzir e formular opinião crítica, onde possamos organizar debates antes marginais e relegados, dando mais visibilidade a eles, explorar as contradições que a sociedade contemporânea nos coloca, sempre pensando na construção coletiva, na pluralidade e na diversidade que formam a cultura”, afirma.

Para Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, o Museu já abre com uma programação diversificada com performances, ações e mostras artísticas para deixar muito claro qual é o papel e o sentido de um equipamento cultural como este: “o governador Jerônimo Rodrigues tem nos convocados permanentemente para que a Cultura esteja no centro de um projeto de desenvolvimento, de inclusão e que compreende a arte com todas as suas manifestações. O MAC_BAHIA está aqui como uma entrega concreta dessa forma de fazer política e de compreender a cultura”.

O artista Ayrson Heráclito fez questão de ressaltar que a Bahia sempre foi propositiva nas transformações culturais brasileiras: “fico feliz de participar desse momento no MAC e dedico essa exposição e esses espaços que estou conquistando a todos os artistas jovens da Bahia, que começam a construir suas trajetórias, que não desistam, tenham fé e axé para continuar e conquistar”.

Acervo

O MAC_BAHIA vem suprir uma lacuna e atende uma antiga expectativa do meio artístico e museológico do estado, em uma organização mais clara com relação aos acervos sob a salvaguarda do Ipac, responsável pela gestão dos principais museus baianos de arte – o MAM Bahia, o MAB e, agora, o MAC – e pela política museológica para o setor no âmbito estadual.

Daniel Rangel, diretor do MAC_BAHIA, explica que o acervo do Museu é composto de obras que foram transferidas do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM Bahia) para formar o acervo inicial do MAC_BAHIA. São cerca de 175 trabalhos, de 102 artistas de diferentes regiões do país, que foram premiados ao longo das 16 edições do Salões do MAM Bahia, que aconteceram entre 1994 e 2009. “O que a gente está fazendo agora é pegar essas obras que entraram ao longo desses 16 anos, através dos Salões, para dar início ao Museu de Arte Contemporânea da Bahia. O MAC é um museu que nasce hoje, mas que já carrega uma história”, explica.

Para Rangel, mais do que um museu de arte contemporânea, a ideia do espaço é “fazer um museu contemporâneo de arte. Um museu que seja inclusivo, permissivo, que seja provocativo, que a gente abra o espaço para que a arte contemporânea possa talvez acontecer”.

Programação

Marcando a inauguração do novo Museu de Arte Contemporânea da Bahia, o MAC_Bahia – 60 horas traz uma programação artística diversificada e ininterrupta, que foi iniciada às 10h da sexta-feira (29) e terminará apenas às 22h do domingo (1º). Entre as atividades, há as exposições Acervo inicial MACBahia, Agô-Ayrson Heráclito e Muro; performances de break-dance, slam de poesia e música; bate-papos e oficinas; projeções de vídeo mapping e cinema a céu aberto; arte digital com dj, vj e live code; pista de skate; yoga, entre outras atrações.

Ao longo da noite de ontem (29) e desta madrugada (30), aconteceu o Cine-Paredão. A manhã do dia 30 começou com piquenique frugal, prática de meditação e Qi Gong (Tai Chi), e com atividades de Skate Arte e Grafite nas paredes laterais no limite do museu. A agenda do dia ainda prevê atividades com no laboratório MAC Digital e o Espaço COLABORAR, uma caminhada bate-papo pela exposição Agô, com o artista Ayrson Heráclito, seguida de performance musical com o Grupo de Percussão da Ufba, às 18h30, e video-mapping, com VJ Gabiru. O programa do Cine-Paredão segue das 21h às 23h e a programação ainda conta com a instalação imersiva LAB Icon da Universidade Federal da Bahia, marcando a agenda da garagem digital, às 21h30, e a exibição do Cine-Paredão, às 23h.

No domingo (1º), a programação da madrugada segue com o Cine-Paredão até às 5h. No amanhecer, estão o piquenique frugal e a meditação e yoga com a professora Carla Dantas, às 8h30. As performances Skate e Arte e as intervenções de arte urbana, com graffiti e lambe, e o Dub no MAC complementam a agenda da manhã. No Espaço Colaborar, às 15h, o visitante pode acompanhar a ativação LAB MAC Digital. A caminhada bate-papo pelos muros de Arte Urbana será às 16h30. O fim da tarde de domingo contará com a performance musical do cantor e compositor Tiganá Santana, às 17h30. Um Video-mapping – VJ Gabiru segue até as 22h, além do Cine-Paredão, com programação das 20h às 22h, encerra a programação da virada cultural.

Serviço

MAC_BAHIA – 60 horas  – Inauguração do Museu de Arte Contemporânea da Bahia

Quando: até domingo, 1º de outubro de 2023, até às 22h.

Endereço: R. da Graça, 284 – Graça, Salvador – BA, 40150-060

Quanto: Gratuito

Mais informações: mac_bahia@ipac.ba.gov.br | 71 3117-6897 | @mac_bahia

Fonte: Ascom/Ipac