Certificação marca conquistas de 500 jovens e adultos nos programas Trilha e Qualifica Bahia
Foto: Manu Dias/GOVBA

Quinhentas pessoas entre jovens, adultos e 40 egressos do sistema prisional receberam certificado de qualificação profissional, nesta terça-feira (5), dentro do Qualifica Bahia e Trilha, programas de iniciativa da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). O evento aconteceu no Real Classic Bahia Hotel (Pituba), em Salvador, e contou com a presença do governador em exercício, Geraldo Júnior, e dos secretários da Setre, Davidson Magalhães e da Administração Penitenciária, José Antônio Maia Gonçalves. O investimento nos programas é de quase R$ 1 milhão.

A solenidade foi marcada pelo depoimento de três beneficiários, entre os quais o de Vítor de Jesus Almeida, egresso do sistema prisional, qualificado em desenhista cadista em projeto executado pela Associação ComVida. Ele fez um apelo às autoridades para que “tenham um olhar mais carinhoso” aos egressos do sistema, que precisam de oportunidade de trabalho.

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Outro beneficiário, Emerson Lopes Evangelista dos Santos, qualificado como eletricista de instalações prediais através do projeto Trilha (programa Juventude Produtiva) disse que a qualificação “foi um divisor de águas” na vida de muitos jovens, dando o pontapé inicial para ingresso no mundo do trabalho. Já a jovem Taíse Ferreira da Luz Santos, qualificou-se em fotografia a partir de projeto executado pela Associação Prosperum e, junto com outros jovens da comunidade do Bairro da Paz, produziu imagens que estão compiladas no livro ‘Olhares da Favela’, disponível, por enquanto, em formato digital.

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O secretário Davidson Magalhães citou o depoimento dos jovens como representativos da esperança da ocupação de um espaço no mercado de trabalho. “Às vezes o mercado de trabalho tem espaço e a gente não tem qualificação. Nós precisamos preparar a nossa juventude para a geração de emprego e renda. Essa é a melhor forma de combater a violência: criar a oportunidade na área de cultura, na área da educação e na área do emprego. Só tem violência onde nós, e as políticas públicas, não estão presentes”, disse.

O secretário anunciou que para os 40 egressos do sistema prisional que participaram do Qualifica Bahia, a Setre estará intermediando, via SineBahia, a incorporação dos profissionais em empresas que executam obras para o governo do estado. “Não podemos ter essa política de porta fechada, porque a política de porta fechada, na verdade, é a política da pena de morte não declarada. Nós precisamos reincorporar socialmente e o estado tem responsabilidade para isso”, disse o secretário.

Ele anunciou, ainda, que o livro ‘Olhares da Favela’ será publicado, em formato impresso, pela Setre. “Nós temos o compromisso de publicar esse livro, para que esse livro seja um instrumento de incentivo aos outros jovens, para que os outros jovens saibam que têm oportunidade”, disse. Confira, abaixo, trechos dos depoimentos dos jovens beneficiários.

Taíse Ferreira, 24 anos, comunidade do Bairro da Paz. Certificada em fotografia pelo Qualifica Bahia

“Esse curso foi bem interessante pra gente porque a gente conseguiu olhar a nossa comunidade de uma forma bem diferenciada. E, além disso, a gente aprendeu a nossa história, a gente começou a entender o outro, respeitar o outro, independente de religião, cultura e gênero. E a gente se uniu nesse olhar, tanto que a gente lançou um livro ‘Os olhares da favela’ dentro desse curso. Eu sou cria da comunidade, sei o quanto é difícil educação e todas as portas que abriram para educação em pude entrar. Hoje estou me formando aqui no curso de qualificação de fotografia e em abril estou me formando em radiologia, mas é muito difícil. Então, gente, esse curso é só pra dizer assim ó: bora! Daqui eu vou pra onde? Pra vocês terem um caminho para a educação. A educação é que vai mudar tudo, gente”.

Emerson Lopes, 24 anos, São Gonçalo do Retiro. Qualificado como eletricista predial através do programa Trilha

“Na nossa vida, pra nós jovens, esse curso foi um divisor de águas. Porque todo mundo sabe que na favela, ou pelo menos onde eu moro, o preconceito só pelo fato de a gente morar ali, já é absurdamente terrível. E a qualificação pra mim, para meus colegas e todos que estão aqui é uma coisa surreal. A gente precisa desse pontapé inicial, precisa desse incentivo e a nossa comunidade é muito carente nisso, desses cursos, dessas iniciativas. É sobre isso”.

Vítor de Jesus Almeida, egresso do sistema prisional. Qualificado como desenhista cadista

“Gostaria de deixar ciente da necessidade extrema que tem de se investir em pessoas que saem do sistema prisional. (…) E eu estou aqui pra deixar todos cientes que não é porque um cidadão passou pelo sistema prisional que ele não serve mais para a sociedade, não. Há pessoas que não querem uma transformação de vida, mas existem também pessoas que querem mudar, que querem ser um cidadão de bem. E nessa situação estou eu, lutando, batalhando, para ser um cidadão de bem. Eu me sinto honrado de estar aqui neste momento pois passei a minha vida inteira na criminalidade, uma vida inteira. Estou há cinco anos fora e tenho procurado mudar dentro de mim – porque as mazelas estão dentro da gente -, então, eu vivo lutando contra isso todos os dias da minha vida. E peço oportunidade! (…) Eu peço encarecidamente que o senhores que podem, que elaboram as leis, possam ter um cuidado maior conosco porque eu quero mudar, assim como meus colegas, outros que passaram querem mudar, mas se não tiver oportunidade, se a sociedade não olhar pra mim com outro olhar…. é isso aí”.

Fonte: Ascom/Setre