Foto ilustrativa: Tiago Júnior

O Carnaval de Salvador, uma das maiores celebrações culturais do mundo, não apenas encantou os foliões com sua energia contagiante, mas também levantou questões importantes para a temática ambiental. O Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), deu um passo significativo ao realizar o primeiro inventário completo das emissões de gases do efeito estufa (GEE) durante o evento, fazendo um balanço abrangente e necessário para compreender e enfrentar os desafios climáticos.

O secretário do Meio Ambiente, Eduardo Martins, explica que algumas importantes iniciativas já haviam quantificado a emissão de GEE em camarotes e trios específicos, mas não alcançaram a dimensão do evento como um todo. “Sabemos que durante o Carnaval de Salvador ocorre uma elevação considerável da emissão de GEE. Mas, quanto emitimos? Até então só conhecíamos o quantitativo de camarotes e trios específicos, mas para que fosse possível uma avaliação geral do evento, nos reunimos e avaliamos de que forma chegaríamos a melhor estimativa possível, e foi assim que alcançamos hoje o primeiro inventário completo da emissão de GEE do Carnaval de Salvador”, reiterou o titular da pasta ambiental.

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A partir dos dados obtidos, o inventário foi calculado para sete (7) dias de festa, considerando uma média de 1,65 milhão de foliões e 32 mil trabalhadores por dia. Foram consideradas as emissões dos gases de efeito estufa dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) e as respectivas quantidades foram convertidas em CO₂ equivalente, conforme a metodologia do GHG Protocol, que considera uma série de padrões e diretrizes para a contabilização das emissões de GEE e é amplamente utilizado também para inventários de GEE de cidades e estados.

Resultado das emissões em toneladas de CO₂

No total, foram emitidas 29.940 toneladas de CO₂ equivalente, sendo que 94% dessas emissões são provenientes das viagens dos turistas a Salvador e do deslocamento dos foliões e trabalhadores durantes os dias de festa (i.e. 63% referente ao deslocamento dos turistas e 31% referente ao deslocamento dos foliões e trabalhadores).

Outra fonte de emissão significativa está relacionada com o consumo de combustível nos geradores de energia dos camarotes e trios elétricos, constituindo 5% de todas as emissões.

E em pequena escala, representando menos de 1% das emissões totais, existem as emissões dos resíduos orgânicos destinados ao aterro sanitário, dos efluentes gerados nos banheiros químicos e climatizados e do consumo de energia elétrica da rede pelo sistema de iluminação pública complementar e pelas demais estruturas das festas.

Outras iniciativas

À frente da iniciativa na Secretaria, o superintendente de Políticas e Planejamento Ambiental (SPA), Tiago Porto, destaca a importância não apenas de identificar e quantificar as emissões de GEE, mas também de implementar estratégias de compensação e neutralização, como o plantio de árvores nativas. “Para compensar as 29 mil toneladas de CO₂ equivalente seria necessário, por exemplo, o plantio e acompanhamento de 65 hectares de Mata Atlântica (100.000 mudas, aproximadamente). A partir desse inventário, deverão ser estabelecidas, de forma coletiva com todas as entidades envolvidas no Carnaval, orientações para adaptação e compensação das emissões, além da pactuação de metas de redução gradual das emissões, ano após ano”, explica Tiago.

Uma importante estratégia de redução de emissões já realizada pelo Governo do Estado, desde 2004, é o projeto EcoFolia Solidária. Por meio deste projeto, o trabalho das cooperativas e catadoras(es) de materiais recicláveis para coleta, triagem e reciclagem de plástico e alumínio é fomentada pelo Estado. Com isso, há uma redução significativa na destinação de resíduos para aterros sanitários durante a festa e, consequentemente, redução na utilização de matéria prima original para produção de novas latas de alumínio e garrafas de plástico, já que os materiais recolhidos serão reciclados, fortalecendo a economia circular. No Carnaval de 2024, em Salvador, foi coletado um total de 101,2 toneladas de alumínio e 73,6 toneladas de plástico, o que representa uma emissão evitada de GEE na ordem de 1.236 toneladas de CO₂ equivalente.

Os resultados do inventário não apenas quantificam as emissões de GEE, mas também identificam as principais fontes dessas emissões. Isso permite ao Governo baiano e aos demais envolvidos no Carnaval de Salvador identificar oportunidades de melhoria e implementar medidas para reduzir as emissões, contribuindo para a construção de um evento mais sustentável e resiliente às mudanças climáticas.

Fonte: Ascom/Sema