“Temos compromissos com os 553 assentamentos existentes na Bahia, onde estão mais de 35 mil famílias, e queremos fazer deles modelos de produção sustentável no País”, disse o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, ao participar nesta quinta-feira (20), no município de Arataca, do I Seminário de Organização dos Assentamentos da Bahia.

Promovido pelo MST, o encontro teve como principal foco a sustentabilidade. O secretário informou que está sendo elaborado um projeto específico para cinco cadeias importantes para a agricultura familiar, fruto do planejamento estratégico feito com a participação dos movimentos sociais.

O secretário informou também, com base nos levantamentos já realizados pela secretaria, que, pelo menos 90 assentamentos têm vocação para produção leiteira e serão contemplados no programa do leite que a Seagri está finalizando.

Prioridade
Salles destacou os avanços nas políticas públicas voltadas para a agropecuária nos últimos anos, e reafirmou que a agricultura familiar é prioridade no governo Jaques Wagner. “A relação de parceria com os movimentos sociais é orientação do governador, que determinou prioridade para o fortalecimento da agricultura familiar do estado”. No final do encontro, o secretário e o MST agendaram a promoção de uma oficina de projetos para fevereiro e uma reunião do Fórum das Ater para discutir ajustes do programa de assistência técnica.

Realizado no Assentamento Terra Vista, o evento contou com a participação do superintendente do Incra na Bahia, Luís Gugé, o superintendente da Suaf/Seagri Wilson Dias, o coordenador executivo do CDA, Luís Anselmo, o diretor-geral da Casa Militar do Governo do Estado, tenente coronel PM Carlos Augusto Gomes, e o capitão PM Carlos Taranto Braga Filho.

Representantes de mais de 200 assentamentos participaram do seminário, que será encerrado nesta sexta-feira (21). “Nós temos 35 mil famílias assentadas na Bahia e o nosso foco é atuar nas áreas de produção e de excelente produtividade”, disse o superintendente do Incra na Bahia, Luís Gugé.

Reforma agrária
Coordenador estadual e membro da direção nacional do MST, Márcio Matos explicou que o objetivo do encontro “é estabelecer uma agenda positiva para ajudar a avançar na reforma agrária na Bahia, e construir uma plataforma de ações conjuntas para melhorar a qualidade dos assentamentos no nosso Estado. A ajuda e apoio do governo são importantes para resolver os problemas que afetam os assentamentos”, disse.

O superintendente de Agricultura Familiar (Suaf) da Seagri, Wilson Dias, disse que assentamentos são também responsabilidade do governo estadual e não apenas da União, destacando que os governos municipais também precisam se envolver na questão. “Devemos e precisamos cobrar ações e responsabilidades dos governos municipais com a reforma agrária”.

No Assentamento Terra Vista funcionam uma escola da rede estadual, uma escola técnica de Agronomia, cursos técnicos de informática e de meio ambiente, e ainda um curso universitário em parceria com a Uneb de Barreiras.

Com 913 hectares, sendo 300 de mata nativa, o assentamento conta com 50 famílias e produz cacau, banana, café, graviola, mandioca e outros produtos agrícolas, além da pecuária e piscicultura. Parte da produção é adquirida pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O Terra Vista, implantado em 1994, é o primeiro assentamento de reforma agrária do Sul da Bahia.