O Pelourinho, onde está localizada a casa-sede do mais antigo afoxé da Bahia ainda em atividade, os Filhos de Gandhy, vem recebendo nos últimos dias, centenas de associados, que fazem os retoques finais em suas fantasias para o desfile neste domingo (6).

Tradicionalmente, a saída dos Filhos de Gandhy acontece sempre com o padê de Exu – deus iorubano que abre os caminhos – no meio do Largo do Pelourinho e, por isso, a cerimônia é sempre muito esperada e uma das principais atrações do Carnaval do Pelô.

Desde fevereiro, foliões de diversas partes do mundo circulam pela Rua Gregório de Mattos, costurando turbantes, adquirindo colares e adereços, reforçando sandálias, entre outros serviços que enriquecem a indumentária elogiada por todo o Brasil.

A importância dos afoxés é tão grande para a história e identidade do Carnaval da Bahia, que, em outubro do ano passado (2010), o Governo do Estado decretou o desfile dos afoxés como Patrimônio Imaterial, por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), responsável pelo Carnaval do Pelô. O decreto garante reconhecimento oficial e prioridade nas linhas de financiamento destinadas à preservação dessa manifestação cultural.

Nem o sol do meio-dia intimida a legião de associados dispostos a deixar tudo organizado. No final da tarde desta sexta-feira (4), o filiado Josias Campos, que chegou às 11h no Pelourinho, estava costurando e enfeitando seu turbante. Sentado em uma cadeira na calçada, ele explicava que, pela segunda vez, integra o afoxé. “A expectativa é grande e eu me preparo o ano todo para sair no Gandhy. É o desfile maior e mais bonito da avenida, chama muita atenção”.

O circuito do Pelourinho foi declarado aberto na quinta-feira (3), com show que contou com a participação de 76 percussionistas, entre os quais estavam integrantes da bateria do Gandhy.