Maior proatividade dos principais atores da cadeia produtiva do cacau quanto à prevenção da praga no Estado da Bahia. A solicitação aos governos estadual e federal foi feita pelo Comitê Técnico de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro durante a solenidade de posse dos seus integrantes, nesta sexta-feira (10), na Superintendência de Desenvolvimento da Região Cacaueira do Estado da Bahia da Ceplac, na Rodovia BR415, trecho Ilhéus/Itabuna.

Inexistente em território brasileiro, a doença é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, da mesma família do fungo da vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa). Há 200 anos que o fungo é registrado no Equador, alcançou Peru, Colômbia, Venezuela e países da América Central, com efeito devastador sobre a economia do cacauicultor, pois ataca principalmente os frutos da planta, com a produção de grande quantidade de esporos, na forma de pó cinzento ou creme.

Ao assumir o cargo de coordenadora-geral do Comitê, Catarina Cotrim Mattos Sobrinho, da Agência de Desenvolvimento Agrícola da Bahia/Itabuna, propôs o monitoramento das áreas produtoras de cacau com potencial risco de introdução da doença. Segundo ela, embora a Bahia e o Espírito Santo estejam em áreas de baixo risco, há necessidade de inspeção do cacau adquirido no Acre e Rondônia pela indústria de processamento chocolateira, controle na importação de madeira e sementes de pupunha e guaraná e prospecção nas fronteiras de Roraima e Amapá.

O chefe adjunto do Centro de Extensão da Ceplac, Miton Conceição, disse que a monilíase é doença destrutiva da produção de cacau, enquanto a vassoura-de-bruxa afeta a planta. “As condições climáticas desta região são extremamente favoráveis à doença. O que nos preocupa é o comércio de cacau de produtores peruanos no Brasil pelo alto valor do Real em relação à sua moeda Sólis. Além disso, as condições de intercâmbio melhoraram com a nova estrada em vez do transporte fluvial de antes”.

O Comitê pedirá ao Governo do Estado que submeta ao vice-presidente da República, Michel Temer, solicitação de maior vigilância, fiscalização de pessoal e inspeção na movimentação de material botânico em pontos da linha de fronteira do Brasil, especialmente Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, que também produzem cacau, com países sul-americanos. A ação do Plano Estratégico de Fronteiras do governo federal pode retardar a ameaça de entrada da doença País, pois as prospecções informam que o fungo está a 100 quilômetros da fronteira nas regiões Norte e Centro-Oeste.