Para auxiliar na redução da mortalidade materna, o primeiro Centro de Parto Normal do país, por meio do programa Rede Cegonha, do governo federal, foi inaugurado nesta sexta-feira (26) no Centro Espírita Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima, em Salvador. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governador Jaques Wagner, o secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, o fundador da Mansão do Caminho, Divaldo Franco, e voluntários da instituição participaram da solenidade.

Aos 38 anos, Zenilde de Azevedo realizou todo o pré-natal na Mansão do Caminho. Moradora do bairro de Sussuarana, declarou que aguardava a inauguração do centro para que pudesse conceber o filho com apoio dos profissionais que ela já conhece. “Estava torcendo para que esse centro fosse inaugurado antes de eu parir. Hoje, posso dormir tranquila, sabendo que tenho o lugar certo para ganhar minha filha”, disse Zenilde.

O centro tem capacidade de realizar até 120 partos naturais por mês e foi construído e equipado com doações de voluntários e contrapartidas do governo federal, via Ministério da Saúde, e do governo estadual, por meio da Secretaria da Saúde (Sesab). Recursos anuais de R$ 1,6 milhão já estão garantidos pelo poder público, sendo R$ 1 milhão do ministério e R$ 600 mil da Sesab.

Durante a inauguração, o governador destacou a parceria com a instituição que realiza atendimentos voluntários no bairro popular. “É mais um local que vai proporcionar qualidade de saúde à população. A Mansão do Caminho é um espaço privilegiado, carregado de energia positiva pelos trabalhos que já são feitos aqui”.

Instalação de novas unidades na Bahia

Wagner afirmou que, independente da orientação religiosa, o importante é atender a quem mais precisa. “Cada um tem sua convicção religiosa, mas aqui estamos juntos, colocando o ser humano no centro de nossas convicções, que é dar condições dignas para que as gestantes tenham seus filhos”.

Padilha declarou que a intenção é instalar novos centros de partos normais em Salvador e no interior. “Estamos juntos com o governo da Bahia e todos os municípios do estado, firmando o planejamento do Rede Cegonha aqui”.

Adesão ao Rede Cegonha

Após a inauguração do Centro de Parto Normal, Wagner e Padilha participaram no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, da cerimônia de ingresso da Bahia ao programa federal Rede Cegonha. Com essa ação, mulheres e recém nascidos vão contar com uma rede de instituições e serviços vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), destinados a atender desde o exame pré-natal até o segundo ano de vida.

Na ocasião, diversas assinaturas garantiram mais benefícios para a saúde. Um edital lançado para credenciamento dos serviços de rastreamento do câncer de mama prevê a implantação de dez unidades móveis que atenderão às mulheres da Região Metropolitana de Salvador e do interior, por meio da segunda etapa do programa Saúde em Movimento.

Também o Governo do Estado, o Centro Espírita Caminho da Redenção e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae Salvador) assinaram contratos para execução de serviços complementares para usuários do SUS. Padilha homologou ainda o credenciamento do Hospital Pedro de Alcântara, de Feira de Santana, para prestação de serviços cardiológicos de alta complexidade pelo SUS.

“Vamos continuar com cada vez mais avanços. Hoje, inauguramos, em Salvador, o primeiro Centro de Parto Normal do Brasil, dentro da estratégia da Rede Cegonha. É R$ 1 milhão investido pelo Ministério da Saúde na implantação e mais R$ 1 milhão por ano para custeio, o que vai agregar valores e compromisso no cuidado humanizado às gestantes e às crianças”, afirmou o ministro.

Produtividade 

Sobre o Saúde em Movimento, Padilha disse que é uma estratégia acertada. “O Ministério da Saúde fez uma vistoria de 1,8 mil mamógrafos à disposição do SUS hoje no Brasil, e percebemos que isso é suficiente para fazer até duas vezes mais consultas do que as que são realizadas. Mas, como os aparelhos ficam nas capitais, concentrados, a produtividade acaba sendo baixa. Então, a grande estratégia dessa parceria entre o ministério e o Governo do Estado é possibilitar essas mamografias móveis no interior e na área rural”.

Adesão de prefeituras é fundamental para funcionamento da rede

O governador Jaques Wagner destacou a importância do Rede Cegonha. “Não existe nada mais importante nessa vida do que a chegada de outra vida. E para isso é fundamental que a mulher comece o seu tratamento antes, no pré-natal, e tenha um parto a contento, para que a criança possa ter um desenvolvimento bom. Por isso, estamos convocando todos os prefeitos, de todas as regiões, pois a Rede Cegonha só pode ser tecida em parceria com as prefeituras”.

Para o governador, a concepção de SUS é a maior conquista da sociedade brasileira. “Tem que ser uma pirâmide, uma base muito bem implantada, para que pessoas não sejam encaminhadas a serviços de média e alta complexidade sem necessidade. Isso provoca a superlotação de hospitais, que acabam não dando o atendimento adequado”.

O secretário da Saúde, Jorge Solla, disse que as ações da Rede Cegonha se articulam desde a atenção básica. “Por meio do Programa Saúde da Família, será feito o acompanhamento desde o exame pré-natal, que permitirá a análise precoce de oito problemas de saúde, passando pela qualificação do parto, reduzindo o número de cesarianas desnecessárias, até o cuidado com o recém nascido, mesmo que ele precise de uma atenção intensiva em uma UTI neonatal”.

Serviço vai melhorar rede hospitalar de 144 municípios

Segundo o secretário Jorge Solla, 144 municípios que possuem hospitais de pequeno porte serão beneficiados com a nova política. “Estes hospitais terão mensalmente R$ 3 mil por leito para estar obrigatoriamente realizando a atenção ao parto normal e ao primeiro atendimento de urgência e emergência”. Com a medida, mais de um terço dos municípios baianos terão uma melhora no financiamento da sua rede hospitalar, qualificando a assistência prestada nessas unidades.

O secretário lembrou ainda que o Saúde em Movimento atendeu, na primeira etapa, 220 mil baianas em apenas dez meses, encaminhando as mulheres que detectaram o câncer de mama para tratamento. “Nós tivemos uma experiência muito boa na região de Juazeiro. Agora, a mamografia móvel será feita nos municípios de 28 microrregiões e as mulheres que apresentarem alguma alteração serão encaminhadas ao polo da microrregião para a confirmação da doença e, se necessário, o tratamento”. 

Publicada às 10h15
Atualizada às 15h30