Para aprimorar o atendimento a ocorrências com vítimas, em especial nos casos de desastres naturais e desabamentos, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar da Bahia realiza desde o dia 17 deste mês, no 10º Grupamento dos Bombeiros Militares, em Simões Filho, a segunda edição do Curso de Busca, Resgate e Salvamento com Cães. No estado, a modalidade de salvamento começou a ser utilizada em 2008, com o cão Apollo, da raça labrador. Atualmente, são 12 cães.

Com duração de 110 horas, divididas entre aulas práticas e teóricas, 22 alunos da Bahia e dos estados Espírito Santo, Ceará, Maranhão e Goiás participam da capacitação. A intenção é que eles sejam multiplicadores do conhecimento em suas respectivas unidades.

De acordo com o tenente coronel BM, Leonardo Merigueti, comandante do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Vitória (ES), o curso realizado na Bahia é uma das referências no país. “Por esse know how baiano, vim com minha equipe do Espírito Santo. Estamos em fase de implantação de um canil”.

Também participam do curso, policiais do Batalhão de Choque da PM, membros da Guarda Municipal de Salvador, além de bombeiros militares de Porto Seguro, Ilhéus, Simões Filho, Salvador e Barreiras (BA), e do Ceará, Maranhão e Goiás.

Para a soldado BM Rosilda Bispo Santana, de Ihéus, na primeira semana de curso já foi possível compreender porque os cães têm sido cada vez mais utilizados nos trabalhos do Corpo de Bombeiros. “Aprendi como é importante fazer a seleção adequada dos animais, como imprimir as primeiras atitudes positivas no cão e posteriormente levá-lo para o terreno. As atividades de busca e localização numa área florestal também nos orientaram sobre como nos dirigir e conduzir os animais”.

Os alunos têm disciplinas como sistema de comando de incidentes, psicologia das emergências, técnicas de busca e salvamentos em soterramentos e desabamentos, operações em helicópteros, busca de afogados, entre outras.

O soldado BM Paulo Mateus é um dos instrutores que foram custeados pelo Estado para se qualificar fora do Brasil. Ele explica que a formação visa dar um amplo conhecimento para que o homem possa utilizar a forma canina e, consequentemente, reduzir o tempo nos casos de busca, resgate e salvamento.

Treinamento

De acordo com o instrutor, até se tornar preparado para o resgate, o cão passa por treinamentos específicos que duram, em média, um ano e meio. “O cão tem que ser bem treinado desde filhote para que no futuro não tenha problemas durante a execução do trabalho”.

Para serem treinados os cães não sofrem nenhum tipo de agressão. Por esta razão respondem bem ao adestramento. O retorno positivo se deve ao que os bombeiros chamam de “recompensa”. Isso quer dizer que a cada resposta positiva dada durante o treinamento, o animal recebe um biscoito, um carinho ou brincam com uma bolinha de borracha.

Ele observa que o faro 40 vezes mais aguçado, se comparado ao de um humano, está entre as vantagens de utilizar o cão como ferramenta de precisão nos casos de busca e salvamento. “É comprovado que o cão consegue fazer em uma hora o que trinta bombeiros levariam 30 dias. A utilização da ferramenta canina reduz o número de efetivo e de equipamentos. O cão consegue encontrar as vítimas num tempo muito menor, aumentando a chance de vida da pessoa que estiver nos escombros, soterramento, onde for”.

O treinamento é resultado de uma parceria entre a Associação Brasileira de Resgate, Busca e Salvamento com Cães (Abresc) e o 10º Grupamento de Bombeiros da Polícia Militar.