A educação em Salvador, cidade que completa 463 anos nesta quinta-feira (29), avança com a adesão ao Pacto com os Municípios. Além das 237 escolas estaduais, outras 412 unidades da rede municipal já estão recebendo o apoio do Governo do Estado para que mais de 14 mil alunos estejam alfabetizados até os oito anos. “Na área de educação, temos muito a comemorar, estamos avançando”, afirmou o secretário da Educação, Osvaldo Barreto. Segundo ele, todas as escolas passaram ou estão passando por trabalhos de reforma e recuperação, além da inauguração de uma nova unidade no Bairro da Paz, “uma antiga reivindicação da comunidade”.

Quanto à educação profissional, de acordo com Barreto, a capital baiana conta com 11 centros para o ensino desta natureza. “A atividade também é exercida em 28 escolas da rede estadual. Ao todo, são oferecidos 42 cursos, beneficiando mais de 13.600 mil estudantes”, contabilizou.


Bairro da Paz ganha nova escola para jovens e adultos

Aos 48 anos, Eliene Nascimento Santos está cursando o segundo ano do ensino médio no Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos, inaugurado no final de fevereiro deste ano no Bairro da Paz, em Salvador, e onde também estudam seus quatro filhos e uma neta. “Há 20 anos eu moro aqui e o que eu mais queria era uma escola como esta, com ensino médio e fundamental”.

Eliene disse que está feliz por voltar a estudar. “Parei aos 17 anos, quando tive a primeira filha. Depois, voltei a estudar em 2005 e tive que parar porque minha mãe adoeceu. Este ano, pude voltar para a escola, quero me formar e ser enfermeira”.

Motivação 

Luian dos Santos Silva, 13, do sexto ano do ensino fundamental, está no Colégio Mestre Paulo dos Anjos há três anos e se lembra das instalações improvisadas, antes da inauguração do novo prédio. “Era tudo acabado. Quando chovia, alagava, tinha que parar as aulas. Não tinha espaço, a sala era pequena, calor demais. A gente não aguentava”. O estudante disse que tem motivação para estudar na nova escola e sabe da importância dos estudos. “Aqui tem a biblioteca, laboratório, informática e quadras. Mesmo quando não tem aula a gente vem jogar bola. Eu filava muita aula, este ano não faltei. Quero ter um futuro bom”.

Eleição para diretores reforça o aprendizado

A diretora do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos, Elísia Mélia Silva, foi eleita pela segunda vez para a função e diz que alunos e professores estão mais motivados com o novo prédio. “Aqui só estudam alunos do bairro, é uma escola aberta à comunidade. Nos finais de semana tem esporte, aulas de dança, capoeira, canto, manicure, artesanato. É uma forma dos alunos gostarem e se empenharem na conservação da escola”.

Para a professora de inglês Mívia Queiroz, também do Paulo dos Anjos, a escolha da diretora por eleições diretas, das quais participam professores, pais e alunos, foi uma grande mudança, que traz benefícios para o ensino. “Isso cria um ambiente melhor de trabalho. A formação de um aluno precisa vir primeiro de casa. Quando nós colocamos a família, alunos e professores no mesmo contexto, demonstramos que todos têm importância na educação das crianças”.

Reforma contempla projeto de acessibilidade

O Colégio Estadual Duque de Caxias, no bairro da Liberdade, onde estudam cerca de dois mil alunos, não ganhou um prédio novo, mas o antigo está sendo completamente reformado. Segundo a diretora, Eliete Silva, entre outros benefícios, a reforma vai beneficiar os portadores de necessidades especiais. “Já implantamos pista e rampas de acessibilidade. Estamos colocando corrimões e montando uma sala de atendimento multifuncional. Os banheiros também estão sendo adaptados”.

Segundo ela, já foram feitas a pintura na fachada, readequação das esquadrias e o terceiro andar está sendo reformado. “Os demais vão receber intervenção, em sistema de rodízio para que não haja interrupção das aulas”. A escola também está recebendo novos laboratórios, de acordo com a diretora, para atender à demanda dos cursos. “Temos curso técnico em multimídia e de telecomunicações. O campo de mercado de trabalho é muito bom e estamos adequando para que a comunidade possa ter a oportunidade de ingressar nessas áreas”.

Ronda escolar garante segurança dos alunos

Reforma como a do Duque de Caxias já renovou completamente o Colégio Estadual Luís José de Oliveira, no bairro de Fazenda Grande I. Para a vice diretora da unidade, Claudinéia Silva, a escola está mais agradável, mas também mais segura, por causa do programa Ronda Escolar. Por meio do programa, 520 policiais militares atuam para prevenir e reduzir as ocorrências no entorno das unidades escolares da rede pública estadual da capital e Região Metropolitana de Salvador. A ação policial, que inclui radiopatrulhamento, ocorre das 6h às 22h.

No ano passado, segundo Claudinéia, houve casos de alunos violentos brigando ou depredando a escola e foi necessário solicitar a presença da Ronda Escolar. “Havia também alguns elementos suspeitos que ficavam na porta da escola e, quando começaram as visitas constantes da Ronda Escolar, eles se afastaram”.

O estudante Mateus dos Santos tem 16 anos e está na sexta série do ensino fundamental no Colégio Estadual Luís José de Oliveira. Ele conta que a escola sofria com o vandalismo. “O povo chegava derrubando cadeiras, não respeitava nem professor. Entrava gente que nem é da escola e ficava bagunçando e brigando. Hoje, o colégio está todo reformado, pintado, já tem vigia, não entra mais ninguém. Agora eu tenho segurança para estudar”.

Centro Digital de Cidadania beneficia moradores da Liberdade

O Colégio Estadual Luís José de Oliveira é também a sede de um Centro Digital de Cidadania (CDC). Eliomar Bonfim, professor de informática, disse que no local é ministrado um curso básico da disciplina, visando o mercado de trabalho. “É preciso, para que nossos alunos tenham um objetivo a partir desta tecnologia, que está tomando espaço e presente em todos os momentos. Esta é a sala mais visitada do colégio, onde são realizadas as aulas não só de informática. Professores de outras disciplinas trazem os alunos para fazerem pesquisas”, afirmou Eliomar.

De acordo com o professor, nos finais de semana, por meio do Projeto Escola Aberta, a comunidade tem acesso ao Centro Digital de Cidadania e pode participar de diversos cursos, como culinária, manicure, artesanato e também de informática. “Nos sábados, chegamos a ter lista de espera para a sala de informática, porque a procura é muito grande”.

O aluno Jonathan de Jesus, 13 anos, disse que o CDC é a sala do colégio que mais gosta e que influencia nos seus resultados. “Fica mais fácil de estudar e tirar notas melhores. Com a informática eu vejo notícia de esporte, que eu gosto”.