No mês de junho deste ano, o Brasil volta a sediar a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, tendo como foco as questões ambientais, o Rio+20. Até lá, a Bahia também tem se preparado para se inserir nas discussões. No lançamento da 21ª edição da revista Bahia Análise & Dados (A&D) – Mudanças Climáticas, ocorrido no último dia 4, foi debatido o conteúdo da publicação, uma das prioridades da conferência.

A revista A&D é da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan), e teve na sua apresentação a opinião de gestores públicos e acadêmicos sobre as mudanças climáticas.

Na abertura, o diretor-geral da SEI, Geraldo Reis, ressaltou o compromisso do órgão com temas inovadores, auxiliando a sociedade civil e gestores em questões práticas. “Atualmente o Brasil é protagonista do cenário internacional, no que tange às questões ambientais. Dessa forma, a política doméstica tem responsabilidade em adotar posições mais enfáticas e substanciais, compatibilizando na estratégia de desenvolvimento as esferas do crescimento econômico, sustentabilidade ambiental e inclusão social”.

No decorrer da atividade, o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, explicou os motivos que levam a uma baixa expectativa nos compromissos de redução das emissões de gás carbônico no Rio+20. A alternância de paradigmas 20 anos depois do ECO-92 tem como fatores, segundo ele, o protagonismo de países em desenvolvimento, como China, Índia, África do Sul e Brasil, dotados de desafios prioritários na superação da pobreza.

“Não podemos absorver regras de quem destruiu suas florestas e produz fora do país para um consumo interno alto. Precisamos combinar o produtivismo com a minimização dos efeitos sobre o planeta”, afirmou o secretário.

Gabrielli lembrou também que as fontes de baixo carbono não apresentam perspectivas de crescimento proporcionais às necessidades econômicas e sociais. “O mundo moderno é intensivo em energia, e o combate à pobreza é mais ainda”. No caso específico da Bahia, exemplificou o dilema no semiárido, dotado de deficiências hídricas e sociais, e colocou as mudanças comportamentais como o caminho de superação do atual estágio de consumo de combustíveis fósseis.

Já Edson Valadares, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (Codes), discorreu sobre a construção de agenda integrada por governos e sociedade civil para fortalecer o protagonismo brasileiro no tema ambiental. “O documento que deve ser apresentando pelo Brasil no Rio+20 reafirma a necessidade da efetivação da Agenda 21 e acrescenta desafios novos, entre os quais, indicadores para medir o desenvolvimento sustentável e eixos de eficiência energética, recursos hídricos e educação ambiental”.

O pesquisador do Centro Brasileiro de Energia, Lívio Soliano Pereira, apresentou alternativas para a redução da emissão de gás carbônico, em especial para a Bahia, com grande potencial de fontes alternativas, como a eólica e a radiação solar, mas incipientes, devido a subsídios aos combustíveis fósseis. “As energias renováveis não conseguem competir”.

Soliano exemplificou que o setor de transportes pode adotar veículos mais eficientes na utilização dos combustíveis, bem como mudança no modal, incorporando transportes não motorizados. “Já os biocombustíveis apresentam limites. Não temos terra suficiente, a não ser que mude a forma de captura dos carros”.

Asher Kiperstok, coordenador-geral da Rede de Tecnologias Limpas (Tecflim), deu prosseguimento às discussões. De acordo com ele, a revista Análise & Dados é um espaço que discute seriamente as mudanças climáticas, e citou os impactos no abastecimento de água na Região Metropolitana de Salvador. O professor defendeu novos paradigmas no desenvolvimento econômico, baseado nos recursos tecnológicos e inovação, e não no aumento do consumo.

Os interessados em obter a revista Bahia Análise & Dados – Mudanças Climáticas podem comprar na Biblioteca Rômulo Almeida, da SEI, por R$ 15, ou baixar gratuitamente em formato pdf no site do órgão