Projetos de infraestrutura e logística para o desenvolvimento do Nordeste foram indicados em um documento elaborado pelos secretários do Planejamento dos estados da região, que se reuniram quinta-feira (2), em São Luís (MA), em evento realizado no âmbito do Conselho Nacional de Secretários do Planejamento (Conseplan). O documento será entregue ao governo federal, uma vez que os projetos selecionados visam à inserção do Nordeste nos planos nacionais de logística de transportes, infraestrutura energética e redes de dados e comunicação.

Na reunião ficou definido que na próxima semana os secretários do Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, e da Paraíba, Gustavo Nogueira, irão ao Rio de Janeiro entregar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) uma cópia da agenda de trabalho comum dos estados do Nordeste. O documento também será entregue aos ministros dos Transportes, da Integração Nacional e do Planejamento, nas comissões pertinentes da Câmara Federal e do Senado, na Sudene e no Banco do Nordeste e, ainda, cópias serão encaminhadas para deputados e senadores.

Gabrielli afirmou que, do conjunto das ações citadas, muitas refletem diretamente no estado. É o caso, por exemplo, da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que visa à recuperação da malha ferroviária da Bahia e à construção do acesso ao Porto de Juazeiro e aos trechos Camaçari-Aratu e Itatim-Feira de Santana-Santo Amaro. “Com recursos de R$ 460 milhões, a obra propiciará a diminuição dos custos logísticos e a atração de investimentos produtivos em toda a extensão do projeto, com forte impacto sobre o semiárido”, disse o secretário baiano.

Outro investimento que tem rebatimento direto na Bahia é a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), cuja construção a ligará ao Porto Sul e à Ferrovia Norte-Sul. O valor orçado é de R$ 4,3 bilhões. A obra, executada pela Valec (governo federal), será o principal corredor de exportação e importação do estado, além de integrar seu território do litoral ao cerrado e ao centro-oeste do Brasil. Na área de infraestrutura de comunicações e transmissão de dados, são projetados investimentos privados de R$ 120 milhões em rede ótica de banda larga, interligando 120 municípios baianos.

O projeto, em fase de elaboração, contribuirá para a agilização dos processos econômicos. Outros R$ 270 milhões, financiados via Parceria Público-Privada (PPP), serão destinados a um cinturão digital, que consiste na implantação de estrutura em anel, utilizando as torres de transmissão da Coelba e/ou Chesf.

Infraestrutura energética

No campo da infraestrutura energética, o pleito é para que sejam destinados R$ 737 milhões para a construção de aproximadamente 670 quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica, destinadas a levar energia a diversas regiões da Bahia onde ocorrem demandas reprimidas, assim como permitir a interligação de novas usinas geradoras, em especial as de energia eólica.

O documento também contempla estradas, a exemplo da implantação dos trechos faltantes da BR-122 e requalificação, entre Paramirim e Boninal, América Dourada e Juazeiro. “Esta intervenção traz melhorias na conexão rodoviária entre o Maranhão, Piauí, Ceará, oeste de Pernambuco, semiárido da Bahia e centro-sul do país, reduzindo os custos logísticos e atraindo investimentos produtivos”, explicou Gabrielli.

Hidrovias

O movimento de cargas agrícolas (grãos) dos estados da Bahia, do Piauí, do Maranhão e de Tocantins será beneficiado com o projeto da Hidrovia do Parnaíba. O investimento, de R$ 5,1 milhões, será para o projeto de elaboração de estudos de viabilidade técnico-econômica e ambiental e projetos básicos e executivos de engenharia de sinalização de margem e balizamento, de engenharia de dragagem e de engenharia de derrocamento na hidrovia do Rio Parnaíba.

Impacto maior, contudo, terão as intervenções físicas na Hidrovia do São Francisco, uma vez que no médio e Baixo-Médio Rio São Francisco as condições (profundidade, largura, pouca declividade, baixa velocidade da correnteza e curvas suaves) são desfavoráveis à navegação. A meta é a revitalização da Hidrovia do São Francisco, ao longo dos seus 1.371 quilômetros de extensão, partindo de Pirapora (MG), passando por Juazeiro (BA), até Petrolina (PE).

A proposta é realizar a dragagem em nove pontos críticos, consumindo cerca de R$ 5 milhões, o que já está em fase de licitação, além do derrocamento de rochas, ao custo estimado de R$ 12 milhões. Esse trabalho promoverá a integração logística do corredor rodo-hidroferroviário. A expansão da matriz regional de transporte, com base na intermodalidade, através da integração do modal hidroviário com as ferrovias, rodovias e dos portos da região, entre eles o de Aratu, na Bahia, atenderá à crescente demanda por transporte de produtos agrícolas.