Mariposa, Privilina, Sabiá, Neguinha, Estrelinha e Castanha. É assim, com nomes escolhidos com carinho, que os pequenos criadores do distrito de Quicé, no município de Senhor do Bonfim, tratam, como se fossem de estimação, seus rebanhos de vacas leiteiras. Na quarta-feira (15), uma carreta com 27 mil quilos de milho, doados pelos grandes produtores do oeste baiano, chegou à localidade, levando também o conforto de saber que, pelo menos até o final de outubro, os 240 animais em confinamento comunitário terão alimento garantido, preservando o trabalho de melhoramento genético que vem sendo realizado há 15 anos.

“Este é um presente de Deus que caiu do céu”, disse emocionado o presidente da Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Quicé (Coople), José Claudio Lopes de Freitas. Ele afirma que, havendo maior oferta de alimentos, o número de animais poderá ser ampliado. Para o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Quicé (Apleg), Eliston Felisberto, a meta é chegar a ter 300 vacas no confinamento. Segundo ele, a entidade conta com 114 associados e “tem muita gente na fila querendo trazer seus animais para cá”.

José Cláudio e Eliston compartilham da mesma opinião. “Nunca tivemos tanto apoio como temos agora do governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura. Agradecemos muito ao secretário Eduardo Salles, que desde o primeiro momento nos ajudou a criar o confinamento, e também aos produtores do Oeste, que através da Associação dos Agricultores e Irrigantes (Aiba) levantaram essa doação que é de extrema importância para nós”, disseram.

Doações ajudam a milhares de pequenos produtores

Milhares de pequenos criadores dos municípios de Juazeiro, Itaberaba, Senhor do Bonfim, Marcionílio Souza, Glória, Maracás, Conceição do Coité, Uauá, Itaetê e Lafaiete Coutinho já receberam cerca de 300 toneladas de milho e torta de caroço de algodão, destinados à alimentação animal. Dez carretas carregadas com os produtos partiram, no início desta semana, de Barreiras, e a última chegou nesta quarta-feira ao município de Glória, onde mais de uma centena de pequenos criadores aguardavam com ansiedade.

Nas semanas anteriores foram embarcadas mais de 170 toneladas de doações feitas por produtores ligados à Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). No total, contabilizando as doações de bagaço de cana hidrolizado e melaço feitas pela Agrovale, e o que está armazenado em Barreiras para ser ensacado, as doações já atingem a marca de 800 toneladas. A perspectiva é que o volume de doações chegue a dois milhões de toneladas, segundo espera o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles.

Estes são os primeiros resultados da ação inédita idealizada pela Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri) e coordenada pela diretora da Superintendência de Política do Agronegócio da Seagri (SPA), Estela Ferraz, e pelo diretor de inspeção vegetal da Agência Baiana de Defesa Agropecuária (Adab), Armando Sá. A iniciativa faz parte da campanha SOS Seca, lançada pelo Comitê da Seca do Governo do Estado para ajudar os pequenos criadores. A ação da Seagri foi abraçada pela Aiba, há cerca de dois meses, que mobilizou seus associados e vem dando exemplo de solidariedade.