A Polícia Civil criou uma força tarefa para intensificar as investigações dos homicídios registrados nas áreas desabitadas do Centro Industrial de Aratu (CIA), em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador. Desde fevereiro deste ano, quando a área foi desmembrada da 8ª Delegacia Territorial (DT/CIA) e colocada sob jurisdição da 22ª Delegacia Territorial (DT/Simões Filho), ambas do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), houve um crescimento de 100% no número de registros desse crime, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Levantamento feito por investigadores da DT/Simões Filho e da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) revelou que a maioria das mortes apresentava as mesmas características, levando à conclusão de que os homicídios estão sendo praticados por grupos de extermínio e contam com a participação de policiais como executores.

Dos 46 corpos localizados nos últimos seis meses na região, 16 já foram identificados e todos são de pessoas cujo domicílio era Salvador ou outra cidade da RMS. Apenas uma tinha vínculos com Simões Filho.

“A força tarefa está integrando diversos servidores, entre delegados, investigadores e escrivães, que, durante 90 dias, estarão, exclusivamente, atuando na investigação desses crimes”, afirmou a diretora do Depom, delegada Heloísa Brito. Segundo ela, a constatação da existência de grupos de extermínio, conduzindo pessoas para serem executadas na área do CIA ou apenas desovando vítimas, exigiu a criação do grupo multidisciplinar, que já está municiado com dados levantados ao longo deste ano, como a identificação dos grupos que atuam no local.

Coordenação

O delegado Adailton Adan, titular da 22ª DT, é o coordenador da força tarefa, integrada por policiais do Depom e DHPP, com apoio da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Adam assumiu a 22ª DT em fevereiro deste ano e, desde então, vem se dedicando ao esclarecimento dos homicídios registrados em sua unidade que, depois da mudança, passou a cobrir uma área de 20 quilômetros quadrados, correspondentes a toda a Simões Filho. Com o redimensionamento das duas delegacias, a 8ª DT, por sua vez, passou a ter como área de abrangência o bairro de Valéria e localidades próximas, em Salvador.

Segundo Adan, boa parte da área de Simões Filho é desabitada, composta por vegetação densa e escombros de empresas desativadas do Centro Industrial de Aratu (CIA). Somado a essa condição geográfica, Adam lembra que os corpos, ali desovados, são encontrados, geralmente, com as mãos amarradas, despidos e mutilados com o emprego de instrumentos cortantes. “A intenção dos executores é atrapalhar ao máximo a identificação das vítimas, ampliando o grau de dificuldade para a elucidação desses crimes”, salienta.

Câmeras

As investigações realizadas nestes seis meses pela 22ª DT e DHM apontaram que a maioria das vítimas desses grupos de extermínio tinha envolvimento em crimes diversos, como assaltos, tráfico de drogas e homicídios. “A maioria das vítimas era oriunda de Salvador e teve os corpos abandonados em pontos de desova no CIA e adjacências”, afirmou Adan, que não descarta a participação de policiais nesses crimes.

Locais identificados como pontos de maior incidência de assassinatos e de abandono de corpos, bem como as principais vias de acesso dos criminosos já estão sendo monitorados por câmeras de segurança. Com o objetivo de auxiliar as investigações conduzidas pela força tarefa, esses equipamentos vêm sendo instalados por meio de uma parceria entre a Secretaria da Segurança Pública, a Prefeitura Municipal de Simões Filho e a iniciativa privada.