A cesta básica de Salvador ficou 2,43% mais cara no mês de outubro. Assim, ela passou a custar R$ 223, contra os R$ 217,71 registrados em setembro. Mesmo com a alta de preço, a cesta de Salvador continuou sendo a segunda mais barata dentre as 17 pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

No acumulado dos dez meses deste ano, o custo dos alimentos básicos apresentou uma elevação de 6,79% na capital baiana. Nos últimos 12 meses (novembro de 2011 a outubro deste ano), o custo registra uma alta acumulada de 8,72%.

A cesta básica calculada em Salvador pelo Dieese é composta de 12 produtos, conforme definido pelo decreto-lei 399, de 30 de junho de 1938. São eles: carne, leite, feijão, arroz, farinha de mandioca, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo de soja e manteiga.

O poder de compra do trabalhador soteropolitano que ganha um salário mínimo diminuiu em função da alta no custo da cesta básica em outubro. Com o custo maior dos alimentos, uma parcela também maior do rendimento líquido foi comprometida no mês: 38,97% em outubro, contra 38,05% em setembro.
O rendimento líquido do salário mínimo é de R$ 572,24, após desconto de 8% (referente à contribuição previdenciária) sobre o atual valor bruto (R$ 622). Por ser uma das capitais com a cesta básica mais barata, em Salvador, o comprometimento da renda foi inferior à média das 17 capitais pesquisadas (46,95%).

Ainda em função da redução do poder de compra, este mesmo trabalhador soteropolitano precisou trabalhar quase duas horas a mais em outubro para adquirir uma cesta básica. O tempo de trabalho necessário foi de 78 horas e 52 minutos, contra 77 horas em setembro.

Em Salvador, o custo da cesta básica para o sustento de uma família foi de R$ 669, durante o mês de outubro. Este valor equivale a aproximadamente 107,56% do salário mínimo bruto. Em setembro, o custo da cesta básica para esta mesma família era de R$ 653,13 na capital baiana, o equivalente a 105% do salário mínimo.

A estimativa de custo da alimentação básica familiar toma como referência uma família composta por quatro pessoas: dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto. Ou seja, equivale ao custo de três cestas básicas.

Comportamento dos preços

A cesta básica de Salvador ficou mais cara no mês de outubro em decorrência da alta dos preços médios de nove dos 12 produtos que a compõem. O feijão e o açúcar foram os únicos produtos que registraram redução do preço médio em outubro. O café manteve o preço médio inalterado.

O tomate voltou a ser o principal responsável pelo resultado mensal da cesta básica de Salvador. Desta vez, por ter registrado uma alta de 6,60% em outubro. A tendência nas demais capitais pesquisadas, contudo, foi de manutenção da redução de preços.

A farinha de mandioca registrou nova alta de preço em Salvador no mês de outubro: 1,65%. O preço médio deste produto subiu ao longo de todo este ano e já acumula uma alta de 23%. A forte estiagem no estado provocou grandes perdas na produção de mandioca, que ainda não conseguiu ser recuperada.

A carne apresentou sua terceira alta seguida na capital baiana, com variação de 2,13% do preço médio em outubro. A pecuária baiana também foi fortemente afetada pela estiagem, com perdas de cerca de 60% do rebanho, especialmente de bovinos.

O preço médio do leite já vem subindo há quatro meses seguidos na capital baiana e com mais intensidade a cada mês. Em outubro, a variação foi de 1,89%. As condições climáticas na região do semiárido nordestino vêm atingindo a pecuária leiteira, o que tem afetado a produção. Com o custo também maior, tem havido repasse de preços ao consumidor final.

O preço médio do óleo de soja registrou uma leve alta de 0,30% em Salvador, seguindo a alta generalizada nas demais capitais pesquisadas. Os preços da soja no mercado internacional, contudo, têm registrado consecutivas quedas em função das expectativas de ampliação da oferta mundial para a próxima safra. Após três altas consecutivas, o preço médio do café ficou estabilizado em Salvador. A pesquisa nas demais capitais registrou uma predominância de alta de preços do grão.

O preço médio do feijão caiu pela terceira vez consecutiva em Salvador, tendo registrado uma variação negativa de 1,46% em outubro. A expectativa de aumento da produção para a próxima safra tem mantido em baixa os preços pagos ao produtor e, consequentemente, ao consumidor final. A alta acumulada na capital baiana ao longo deste ano, no entanto, ainda é expressiva (+31,17%).

Em Salvador, o preço médio do açúcar caiu 2,96% em outubro. Apesar da redução na moagem de cana desde setembro, a menor oferta de açúcar ainda não afetou os preços ao consumidor da capital baiana, nem da grande maioria das capitais pesquisadas.

Variações nas capitais

Em outubro, o preço da cesta básica aumentou em nove capitais das 17 onde o Dieese realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores altas foram verificadas em Recife (4,49%) e Manaus (3,61%). As maiores quedas de preço foram apuradas em Florianópolis (-9,04%) e Brasília (-3,66%).

O valor da cesta básica de São Paulo (R$ 311,55) em outubro superou o apurado em Porto Alegre (R$ 305,72). Em seguida, com a terceira cesta básica mais cara, aparece Manaus (R$ 298,22). Os menores valores médios continuaram sendo percebidos em Aracaju (R$ 206,03), Salvador (R$ 223) e João Pessoa (R$ 232,97).

No acumulado do ano, até outubro, todas as capitais apresentam alta nos preços médios dos alimentos. Os aumentos mais significativos foram verificados em Fortaleza (18,54%), Manaus (16,59%) e Natal (16,40%). Apenas cinco capitais registram variações acumuladas abaixo de 10%, e Salvador está entre elas, com alta de 6,79% no período.

Nos últimos 12 meses, de novembro de 2011 a outubro deste ano, o custo médio da cesta de alimentos também aumentou fortemente em todas as capitais pesquisadas. Das 17 capitais, 14 apresentam variações acima de 10%. Os destaques ficaram para os resultados de Fortaleza (28,40%), Natal (23,25%) e Recife (21,39%), com variações acima de 20%. Os menores aumentos foram registrados em Goiânia (7,56%), Florianópolis (8,36%) e Salvador (8,72%).