Os cabelos, as roupas, as cores e a música, elementos da cultura negra que já foram motivo de perseguição e humilhação, se destacaram nas ruas de Salvador numa caminhada da sede do Ilê Aiyê, no bairro da Liberdade, até o Pelourinho, no Centro Histórico, nesta terça-feira (20), em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. 

Com a participação de aproximadamente 20 mil pessoas, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) lançou, na ocasião, a campanha ‘Diga não ao racismo! Vamos garantir o futuro da Juventude Negra’, convocando toda a sociedade para participar da criação de mais oportunidades para jovens negros na Bahia.

A auxiliar administrativa Naiara Garrido, 20 anos, destacou as conquistas relativas à reparação já alcançadas pela população negra. “É um momento especial em que nos reunimos para mostrar que temos valor. O negro hoje pode ser doutor”. A cabeleireira Annimone Santo da Paz também está feliz. “Vai ser muito axé até o Pelourinho. Só o prazer de estar aqui, esta participação com a galera, é muito bom”.

A luta dos negros pelas suas conquistas, de acordo com o secretário estadual da Promoção da Igualdade, Elias Sampaio, remonta à chegada deles ao Brasil. “Desde que o negro foi sequestrado para ser escravo existe essa luta. Há dez anos, no Brasil, e, nos últimos seis anos, na Bahia, conseguimos dialogar com os movimentos sociais e institucionalizar políticas públicas para atender as demandas deste segmento”.

Parceria

Para o coordenador da caminhada e um dos diretores do Ilê Aiyê, Edmilson das Neves, o Governo do Estado tem se mostrado parceiro, atendendo demandas e solicitações das organizações. “A cada ano, o governo está se fazendo mais presente, assumindo esta relação com as comunidades, promovendo grandes discussões de políticas públicas e ações sociais”.

Segundo Edmilson, este ano, o 20 de Novembro e o Fórum de Entidades Negras também incluíram o debate sobre Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. “Temos cursos de qualificação e especialização com este foco, uma iniciativa louvável do governo estadual e que deve perdurar além da Copa. É um legado social que estamos construindo”.

Personagem tradicional da luta pela reparação, Vovô do Ilê disse que a preocupação com a população negra não pode se limitar ao 20 de Novembro. “O Governo do Estado tem trabalhado para que isto aconteça. Todas as secretarias têm que estar preocupadas com isso. Desde que no Carnaval, há mais de 30 anos, surgiu o primeiro bloco afro reivindicando seus direitos e qualidade de vida, denunciando o racismo, as coisas estão mudando”.