A Bahia passou a contar, desde a noite desta segunda-feira (10), com a Comissão Estadual da Verdade, instituída pelo governador Jaques Wagner durante as comemorações dos 64 anos de criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, no Pelourinho. A solenidade contou com a presença das ministras Luiza Bairros, da Secretaria de Igualdade Racial da Presidência da República, e Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, além da presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Fátima Mendonça.

Para as comemorações, o Largo do Cruzeiro foi transformado em uma grande sala de projeção ao ar livre, com a abertura da 1ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na Rua. As atividades fazem parte da programação da 7ª edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que já percorreu quase todas as capitais do país e conta com a exibição de 37 filmes, entre curtas, médias e longas metragens.

Ainda no evento, o governador recebeu pedido de ajuda de representantes do terreiro de candomblé Ilê Axé Ayrá Izô. Localizada no bairro de Campinas de Brotas, o terreno é alvo de uma disputa judicial. “Eu entendo que é do interesse público a manutenção de um espaço de fé e religião de matriz africana e, portanto, superada a negociação com os proprietários da área onde está o terreiro, eu posso, e farei isso, decretar de utilidade pública e desapropriar a área, para que o terreiro possa continuar funcionando”, afirmou Wagner.

História 

O decreto que cria a Comissão Estadual da Verdade foi assinado pelo governador para atuar de forma semelhante à Comissão Nacional da Verdade, investigando e esclarecendo crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar no Brasil. “Não é para retaliar, nem revanchismo, mas é importante conhecer por completo a nossa história em um período muito duro para todo o Brasil”, afirmou Wagner. O próximo passo é a convocação e nomeação dos sete membros da comissão, o que, segundo Wagner, deve acontecer ainda esta semana.

Para a ministra Luiza Bairros, “esse dia é uma oportunidade para que nós pensemos nos vários grupos que são discriminados, na natureza das discriminações e é isso que essa mostra de cinema na rua pretende fazer hoje”. Segundo a ministra Maria do Rosário “a luta pelos Direitos Humanos é uma rotina diária vivida por moradores de rua, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, comunidade LGBT, mulheres e comunidades indígenas”.

Mostra Cinema e Direitos Humanos na Rua

As exibições da mostra na rua ocorrem até esta terça-feira (11), com sessões a partir das 20h no Largo do Cruzeiro de São Francisco. Os filmes exibidos são ‘O Cadeado’, de Leon Sampaio, ‘A Galinha que Burlou o Sistema’, de Quico Meirelles e ‘Funeral à Cigana’, de Fernando Honesko.

“Estar aqui hoje com o cinema significa tratar através de outras linguagens as lutas que esse povo tem e escolhemos abrir no Pelourinho um caminho que estar nas ruas com cultura e direitos humanos”, afirmou a ministra Maria do Rosário.

Circuito oficial 

A partir do dia 14, ainda na capital baiana, será iniciado o circuito oficial da 7ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que segue até o dia 20 de dezembro, na sala Walter da Silveira, que fica na Rua General Labatut, nº 27 – Barris.

Em paralelo à exibição de curtas e longas-metragens, Salvador sedia também a I Semana Estadual de Direitos Humanos, realizada pela Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. “Começamos debatendo os Direitos Humanos na perspectiva da igualdade e durante a semana teremos conferências com a população indígena e pessoas com deficiência”, destaca o secretário da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena.