Os jogadores que cometerem crimes de racismo nos jogos das copas das Confederações 2013 e do Mundo Fifa 2014 poderão ser proibidos de jogar durante as competições. A sugestão foi apresentada pelo secretário das Relações Internacionais da Bahia, Fernando Schmidt, durante reunião nesta terça-feira (22), no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF).

O encontro foi presidido pelo representante da Secretaria Geral Ibero-Americana, German Garcia, e contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, de embaixadores dos países ibero-americanos e representantes de diversos organismos internacionais.

De acordo com a sugestão de Schmidt, os países ibero-americanos apresentarão à Fifa proposta de aumento das penalidades para o atleta que cometer o crime de racismo, que deverá ser proibido de jogar nas copas das Confederações e no Mundial de 2014. Hoje, o atleta recebe apenas uma multa.

“Devemos aproveitar a mobilização e a visibilidade do tema dos afrodescendentes na ibero-américa para executar políticas públicas, programas e ações voltadas ao combate do racismo, à discriminação e à construção da igualdade”.

Muncab

Schmidt defendeu também que o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), primeiro museu federal no segmento, inaugurado em 2011, em Salvador, seja modelo de inspiração e referência à criação do Centro de Memória Histórica Afrodescendente Ibero-Americano, outro assunto discutido durante a reunião.

O acervo do Muncab reúne peças de arte sacra, fotografias e trabalhos contemporâneos relacionados à cultura negra, além de fotos do antropólogo Pierre Verger (1902-1996) e uma coleção de peças do acervo do artista plástico Carybé (1911-1997). Schmidt lembrou que Salvador foi declarada como capital Ibero-Americana dos Afrodescendentes e que o Muncab deve ser aberto à articulação com outros centros de cultura do gênero.

Sobre a criação da Universidade Mundial de Segurança e Desenvolvimento, que está com projeto em estudo pelo Governo da Bahia, pelo Itamaraty e pela ONU, o secretário sugeriu que a proposta inclua em seus estatutos instrumentos voltados ao desenvolvimento de políticas públicas destinadas à inclusão dos afrodescendentes.

Execução dos resultados da Afro XXI

Outros temas discutidos durante a reunião foram a criação de um Fundo Ibero-Americano para os Afrodescendentes e um observatório para o fortalecimento das políticas de apoio à população e à cultura afro nos países ibero-americanos. Todas as ações discutidas durante a reunião fazem parte do programa que colocará em prática as decisões aprovadas na Afro XXI, realizada na capital baiana, em novembro de 2011.

Até o próximo dia 30, os países ibero-americanos terão que apresentar sugestões para impulsionar a criação das medidas ao programa de apoio às políticas públicas aprovadas na Afro XXI destinadas a acabar com as desigualdades de oportunidades e a discriminação na ibero-américa.

Hoje, 150 a 200 milhões de afrodescendentes que vivem na América Latina e no Caribe estão entre os que possuem os piores indicadores de renda, emprego, educação e saúde. “Temos condições de mudar essa situação se colocarmos em prática ações conjuntas, além de sincronizar a atuação dos governos e dos movimentos sociais”, afirmou Schmidt.