Mais dois milhões de filhotes (megalopas) de caranguejo serão liberados nesta quarta-feira (8) nos manguezais da região de Santo Amaro da Purificação, a 72 quilômetros de Salvador. Esse é o terceiro repovoamento feito pela Bahia Pesca, empresa da Secretaria da Agricultura (Seagri), totalizando mais de 3,2 milhões de animais soltos este ano no manguezal de Porto de Acupe, com apoio da comunidade local.

O primeiro repovoamento ocorreu no mês de março, com a liberação de 500 mil filhotes. Em abril, outros 750 animais foram colocados na natureza. “Desta vez vamos liberar um volume maior de filhotes, aproveitando as condições estruturais do laboratório onde as megalopas foram produzidas e o clima favorável”, explica o gerente da Fazenda Oruabo, José Jerônimo Filho. “Com isso, esperamos ter o mínimo de perda possível, ampliando a taxa de sobrevivência dos caranguejos liberados”. Ele informa que a ação faz parte do Puçá – Programa Integrado de Manejo e Gerenciamento do Caranguejo-Uçá, realizado pela Bahia Pesca.

A produção dos caranguejos em cativeiro começa com a captura de fêmeas ovadas da espécie. Elas são colhidas preferencialmente no mesmo habitat em que as megalopas serão distribuídas no futuro.

Os animais são alimentados na Fazenda Oruabo com peixe e camarão, até a eclosão dos ovos. É neste momento que ‘nasce’, em forma de larva, a iguaria tão apreciada por baianos e turistas. As larvas, então, são colocadas em tanques, com temperatura e salinidade da água monitorada, onde se alimentam de microalgas e microcrustáceos e vão se desenvolvendo, até atingir o estado de megalopas, quando os animais estão prontos para ser colocados no meio ambiente.

Participação da comunidade

Toda a ação acontece com a participação da comunidade, que também ajuda a liberar os caranguejos na natureza. Em paralelo a essa atividade, os técnicos da Bahia Pesca realizam trabalhos de conscientização, explicando sobre fases de crescimento dos caranguejos e períodos para captura dos animais.

“Oferecer condições para o desenvolvimento de uma atividade como essa requer uma visão mais abrangente do negócio, já que a sustentabilidade perpassa pela consciência ambiental”, diz o presidente da Bahia Pesca, Cássio Peixoto. “E aí está o sucesso dessa ação: a união entre esforço técnico, vontade política e participação efetiva da população”.