Mais do que um evento para apresentar o projeto da ponte Salvador – Ilha de Itaparica, a audiência pública realizada na sexta-feira (10), na Câmara de Vereadores de Vera Cruz, foi uma oportunidade para a população mostrar aos membros do governo estadual e do município presentes as principais preocupações a respeito da obra e seus impactos.

A convite da Câmara de Vereadores de Vera Cruz, o diretor da Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan), Paulo Henrique de Almeida, e a superintendente de planejamento e gestão territorial da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Graça Torreão, explicaram o projeto, o andamento dos editais em licitação, as responsabilidades dos órgãos e as expectativas para o futuro da ilha.

Ao abrir o evento, o prefeito de Vera Cruz, Antônio Magno, destacou que esses encontros demonstram uma nova fase de governo, mais aberta ao diálogo com a comunidade. “Os debates devem orientar o desenvolvimento como um todo e é aqui que eles têm que acontecer primeiro. Afinal, é daqui de Vera Cruz que a ponte vai sair, e não o contrário”. Ele reforçou o desejo de que os dois municípios da ilha sejam os primeiros planejados do estado.

Em seguida, Paulo Henrique apresentou as informações sobre o projeto, ressaltando que se trata de um plano de desenvolvimento socioeconômico integrado, no qual a ilha é a parte fundamental. “Sem a aprovação do povo, através da Câmara de Vereadores, e sem melhoria das condições de vida dos moradores, a ponte não sai do papel. Por isso, fazemos questão de vir aqui quantas vezes forem necessárias, para que vocês compreendam, tirem dúvidas, colaborem e sejam multiplicadores”.

A capital baiana, segundo ele, já está estrangulada, enquanto a ilha está estagnada, sem grandes investimentos há mais de 30 anos, o que vai mudar com o advento da ponte. Isso porque é o empreendimento que vai interligar os municípios no entorno da Baía de Todos-os-Santos, Recôncavo e o Baixo Sul a Salvador.

“Temos que perder o medo e pensar grande. Já temos uma ponte de grande porte construída no Brasil e isso foi há 40 anos. Hoje, 30% da população de Niterói pertence às classes A e B, com o terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Florianópolis é uma ilha, capital de Santa Catarina, conectada ao continente por pontes e ocupa a quarta posição”, associa o diretor às perspectivas que os moradores da Ilha de Itaparica devem ter.

Desapropriação

O principal assunto levantado pelos vereadores e moradores foi o cadastro dos imóveis e terras que está sendo feito pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), com a possível desapropriação de algumas áreas. Segundo Paulo Henrique, os decretos 13.387, 13.388 e 13.389 foram publicados para conter o uso inadequado de algumas áreas ainda desabitadas e como prevenção para as intervenções que virão com as obras do plano.

O diretor declarou que os boatos de que o governo estadual vai desapropriar toda a área fogem à realidade. “O índice de desapropriação será muito baixo e acontecerá nas áreas menos habitadas para ampliar as estradas, construir o pedágio em Vera Cruz e transformar parte da área rural em urbana, já que a cidade vai crescer e precisará de espaço para habitação”.

A fim de tranquilizar a população, Paulo Henrique explicou ainda que o cadastro feito pelos engenheiros agrônomos do CDA serve não só para catalogar o local, mas também para identificar carências de infraestrutura nas localidades, que constarão nos relatórios a serem entregues ao governo e que serão considerados nos estudos e planos diretores.

Urbanização

A superintendente Graça Torreão destacou que o apoio da Sedur para o desenvolvimento urbano da ilha está aberto e em andamento, a partir do convênio de cooperação técnica para a reestruturação da região.

Além da preocupação com o planejamento regional, a revisão dos planos diretores dos municípios e as áreas específicas que serão apontadas nos estudos em processo de licitação, a Sedur já está articulando reuniões para discutir e buscar soluções para a coleta de resíduos.

“Entendemos que a ilha é um território único e que deve ser tratado em conjunto, mesmo compreendendo as individualidades de cada localidade”, disse Graça Torreão. Estiveram presentes também representantes da Polícia Militar, Embasa, Inema, CDA, de associações de transporte de vans, táxis e mototáxis, pescadores, entre outros segmentos locais.