O Palácio Rio Branco, na Praça Thomé de Souza, imóvel histórico e suntuoso, no Centro Antigo de Salvador (CAS), com vista para a Baía de Todos-os-Santos, foi o local escolhido, nesta quarta-feira (3), para a primeira apresentação da 16ª edição do projeto ‘Quarta que Dança’, desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Cultural (Funceb), vinculada à Secretaria de Cultura (Secult).

A apresentação de ‘Ao Acaso’, protagonizada por Maju Passos e Marcelo Galvão, começou na escadaria do palácio. Quem passava pelo local, aos poucos, foi parando e se aglomerando, atraídos também pelo som de instrumentos de corda, como bandolim e guitarra executados, respectivamente, pelos músicos Dimazz e Leo Brandão.

Envolvidos pelos passos sincronizados e trilha sonora, o público foi surpreendido quando o ‘casal’ encerrou o primeiro ato da apresentação e seguiu para a varanda do prédio, naturalmente iluminada, já que o sol que se preparava para sair de cena. Na balaustrada, o jogo de sedução sustentado por cordas de rapel atraiu dezenas de olhares atentos e resultou em registros fotográficos feitos pelo celular.

Cenário e coreografia

Não apenas os desavisados prestigiaram os bailarinos da Marzuca Criações. O estudante Davison Soares foi uma das pessoas que foram ao Palácio Rio Branco especialmente conferir a montagem. “Achei fabulosos o cenário, o estudo dos passos, a coreografia que eles montaram e os elementos, como a mesa lá fora e as cordas de rapel. Como pano de fundo, a Baía de Todos-os-Santos, o Forte de São Marcelo, o Mercado Modelo e, ao lado, o Elevador Lacerda”.

Depois que soube da abertura do evento em um programa de TV, a dona de casa Vilma Santos também se programou para conferir a apresentação. Para ela, a troca de olhares entre o casal em cena criou um clima de romance. “Com este pôr do sol fica ainda mais romântico”.

O tango, dança argentina que envolve sensualidade, drama e paixão, foi um dos elementos pesquisados para a montagem. Conforme Maju, bailarina e produtora, ‘Ao Acaso’ é uma intervenção urbana extraída do espetáculo ‘Paradox’. A bailarina informou ser esta a segunda vez que ela e Galvão participam do evento. “Participamos [pela primeira vez] em 2008 do ‘Quarta que Dança’ e, desde então, o acompanhamos. É um projeto que movimenta a cena [cultural]”.

Além de Salvador, a 16ª edição do projeto realizará apresentações gratuitas, em Juazeiro, Lauro de Freitas, Mucugê e Porto Seguro. Sempre nas quartas-feiras, até o dia 29 de outubro (nove semanas), foram selecionados, por meio de edital público, dez espetáculos, quatro intervenções urbanas e três de dança de rua.

Panorama da produção artística

De acordo com o coordenador de Dança da Funceb, Matias Santiago, o projeto existe desde 1998 com o propósito de traçar um panorama da produção artística, na linguagem da dança, em todo o estado. “Uma comissão com vários especialistas da dança avalia cada grupo. Os grupos são contratados pela Funceb para compor a programação do projeto ‘Quarta que Dança’. Tentamos abarcar na seleção toda a diversidade dos segmentos voltados para esta linguagem”.

Santiago também observou que entre as produções estão projetos relacionados ao hip-hop, às danças contemporânea, afro e moderna, além de novas proposições como as intervenções urbanas. “É muito interessante participar, como expectador do ‘Quarta que Dança’, porque é possível perceber o desenvolvimento da dança em várias regiões do estado e a diversidade da produção artística desta linguagem”. Informações sobre os horários e locais das apresentações podem ser conferidas no hotsite do projeto.