Com o apoio do Governo do Estado, viabilizado por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), o município de Luís Eduardo Magalhães, a 940 quilômetros de Salvador, no oeste da Bahia, está realizando um sistema de coleta seletiva pioneiro no interior do estado, com abrangência de 100% de seu território. A ação é fruto de um convênio de cooperação técnica assinado entre a Setre e a Prefeitura, no valor total de R$ 938 mil.

Os recursos foram aplicados no apoio às cooperativas de catadores do município e na construção de um galpão para triagem e comercialização do material coletado pelos trabalhadores.

“O objetivo é fomentar e apoiar a organização dos catadores de materiais recicláveis do município, fortalecendo as cooperativas e associações, além da criação de redes de reciclagem. Também possibilita às pessoas envolvidas um trabalho digno e uma renda mensal garantida com a venda do material das usinas de reciclagem, além de manter a cidade limpa. O resultado desta experiência tem sido excelente”, destaca o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos.

Ele esclareceu que o Governo do Estado, por meio da Setre, financia o convênio com R$ 658 mil e a Prefeitura participa com a contrapartida de R$ 280 mil.

Consciência ambiental

O programa em Luís Eduardo Magalhães funciona da seguinte maneira: todos os dias, uma equipe visita domicílios para fazer o cadastro e orientar os moradores, mostrando como é realizado o trabalho e fazendo a conscientização ambiental que representa a ação. Nesta etapa, é distribuída uma cartilha explicativa para que cada morador entenda como é o programa.

Segundo Fernanda Aguiar, secretaria do Meio Ambiente do município, “toda orientação é dada aos moradores para que separem o lixo reciclável. Dessa forma, o material já chega separado aos coletores”.

Ao ressaltar o caráter social do programa, Fernanda informa que o pessoal que hoje faz a coleta seletiva trabalhava no lixão. “Estivemos no local e fizemos o cadastro de todas as pessoas que ali atuavam. Explicamos o programa e também oferecemos outras opções de trabalho. Hoje, não há mais ninguém dentro do lixão”, informa.

Do ponto de vista ambiental, ela destaca como positivo o novo destino dado a garrafas pet, por exemplo, que antes da coleta seletiva poderia ficar centenas de anos no lixão. “O lixão de Luís Eduardo hoje é totalmente controlado, cercado e arborizado. Não entra ninguém sem autorização e quando chega alguém com material reciclado é encaminhado para um posto de coleta”, explica a gestora municipal.

Os postos são espalhados em escolas públicas e pontos estratégicos da cidade e também na zona rural. Existem três caminhões específicos para fazer a coleta seletiva e todos os catadores usam um fardamento especial. Em julho, foram coletadas 10 toneladas de material reciclável na cidade. Em agosto, esse número chegou a 13 toneladas e o objetivo é aumentar ainda mais, estima Fernanda.

Políticas públicas

O superintendente de Economia Solidária da Setre, Milton Barbosa, falou do desafio que representa a área de reciclagem no Brasil. “Essa cultura ainda não faz parte do dia a dia das pessoas e também de muitos governantes. Mas na Bahia temos desenvolvido políticas públicas para fortalecer a atividade e contribuir com a organização das associações, melhorando a renda de quem vive dessa atividade”.

Nos últimos sete anos, a Setre investiu quase R$ 20 milhões com o objetivo de fortalecer os coletivos de catadores e as redes formadas a partir dessa cadeia produtiva.

Este volume de recursos foi aplicado diretamente em benefício das cooperativas e associações, proporcionando apoio aos catadores de resíduos sólidos. Além de Luís Eduardo Magalhães, foram beneficiados mais de 16 mil famílias em Salvador, Juazeiro, Irecê, Jacobina, além da Região Metropolitana.