Representantes dos poderes públicos estadual e municipal decidiram unir esforços, em reunião convocada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), no bairro da Pituba, para proteger a Pedra de Xangô, que tem sido alvo de atitudes desrespeitosas à fé de membros de religiões de matriz africana, como despejo de sal e enxofre, pichação e quebra de oferendas.

Na ocasião, foi levantada a possibilidade de tombamento, pela Fundação Gregório de Matos (FGM), e registro especial de espaços destinados a práticas culturais coletivas, via Instituto do Patrimônio Artistico e Cultural da Bahia (Ipac), além da criação de um parque de preservação ambiental na área. Segundo a diretora-geral do Ipac, Elisabete Gandara, o monumento é um patrimônio imaterial, por isso, o registro seria adequado ao caso.

Os participantes sugeriram como ações imediatas a iluminação e limpeza no local, reforço na segurança e atenção especial ao caso pela Polícia Civil, para identificar os autores do crime. Além disso, a criação de um fórum permanente de acompanhamento das ações, composto por sociedade civil e governos estadual e municipal, para garantir a proteção da Pedra de Xangô, mas com possibilidade dessa experiência ser aplicada em outras áreas do Estado onde houver esses crimes de intolerância religiosa.

Retorno à comunidade

As ações apresentadas pelo poder público serão detalhadas em reunião com representantes de povos de terreiros nesta terça-feira (18), às 10h, na Sepromi. Segundo Maria Alice Silva, advogada e estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que tem como tema de mestrado a Pedra de Xangô, o local é utilizado para oferendas colheita de ervas utilizadas em liturgias.

“Além de ser área de preservação ambiental e cultural, porque há manifestação dos adeptos de religiões de matriz africana, que tem que ser cuidada, preservada e respeitada”, disse a advogada.

Pelo governo estadual participaram também do encontro, na última sexta-feira (14), os secretários de Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, e da Cultura, Albino Rubim, e representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Fundação Pedro Calmon (FPC), Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Polícia Militar (PM), Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa e Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN). Do poder municipal, dirigentes e coordenadores da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), Secretaria Cidade Sustentável (Secis) e Fundação Gregório de Matos (FGM).