Na Bahia, quando se ouve falar em dendê, imediatamente vem à mente um saboroso acarajé, frito na hora, num belo tacho de óleo de dendê. Mas, o que a maioria das pessoas não sabe é que do dendezeiro se aproveita praticamente tudo. O dendê é transformado em produtos que vão desde os diversos tipos de óleos comuns e nobres, a sabão, artesanatos e, principalmente, para a produção do combustível biodiesel.

Essa diversidade de produtos e toda a Cadeia Produtiva do Dendê estão à disposição dos visitantes no estande da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura (Seagri), durante a 27ª edição da Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro), que acontece até domingo (7), no Parque de Exposições de Salvador.

No local, técnicos da EBDA explicam o cultivo, o processamento, a colheita e beneficiamento do dendê, além de prestar orientações sobre a cultura. Mudas da planta e cachos do fruto estão em destaque, além de subprodutos como óleo de dendê, óleo de palmiste – considerado um produto mais nobre -, extraído da amêndoa do dendê, utilizado na fabricação de medicamentos, saboaria, cosméticos, como base de margarinas, entre outras utilidades.

Até a ida ao estande na Fenagro, a dona de casa Denise Nascimento conhecia o dendê apenas como óleo comestível. “Estou impressionada com a diversidade de produtos originários do dendê. Jamais imaginaria que medicamentos e cosméticos e o próprio sabão, pudessem ser fabricados a partir do dendê”.

Agricultura familiar

Com a exploração basicamente nas regiões Baixo Sul e Litoral Sul da Bahia, o dendê é uma cultura muito explorada pela agricultura familiar, de forma extrativista e, atualmente, também de forma comercial. Isso tem levado a EBDA a promover a conscientização dos agricultores sobre a importância da manutenção da cultura de forma conservacionista.

O dendê é explorado em 80% de sua área de produção pela agricultura familiar, gerando renda e mão de obra familiar permanente, nas diversas etapas de produção, que vai desde o plantio, passando pela colheita, extração de óleo, até a produção artesanal e comercialização. Em todo o processo, a EBDA acompanha os agricultores familiares e é a responsável pela assistência técnica, sistemática e especializada.

Combustível

A engenheira agrônoma e coordenadora da Cadeia Produtiva do Dendê na Bahia, Ana Cristina Santos, técnica da EBDA, explica que o dendê, ao ser transformado em óleo, também proporciona um dos componentes mais utilizados na culinária tradicional baiana. Ela destaca outros subprodutos como o carvão ativado, e a sua utilização pela agricultura familiar na produção artesanal de materiais como cestos, jogos americanos, porta-copos e outros, mas, também, a sua importância para a produção de combustível.

“Atualmente, o dendê está no foco do biodiesel, por causa do seu grande rendimento de óleo por área plantada, e pela sua excelente qualidade”, afirma Ana Cristina. Até o bagaço do fruto é aproveitado, tanto como combustível, para alimentar os fornos, como para a fabricação de adubo. Segundo a técnica, praticamente todas as partes da planta, desde as folhas e polpa até a amêndoa do fruto, são aproveitadas.