Vinculado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), o Centro Nelson Mandela oferece apoio psicológico, social e jurídico a vítimas de racismo e intolerância religiosa na Bahia. Desde a criação, em 17 de dezembro de 2013,  foram registradas mais de 80 denúncias – média de duas por semana -, com mais frequência em shoppings, lojas e locais de trabalho.

Após ser chamada de macumbeira e receber constantes agressões de outra funcionária numa empresa de call center, Indirene de Oliveira resolveu não se calar. Procurou a unidade, fez a denúncia e levou o atestado de comparecimento ao gerente, que a havia remanejado para outro setor por conta do desentendimento. “Ele me pediu perdão e me realocou. Eu estava sem saber o que fazer, porém o centro me deu todo o apoio necessário”.

Este é apenas um dos casos solucionados com a ajuda da unidade. “Sabemos que o ideal era não atender nenhuma ocorrência de racismo, mas fazer com que um dia suma da nossa sociedade. Por outro lado, comemoramos, pois o grau de consciência das pessoas está aumentando. Ao saber que tem um ambiente específico para recebê-las, elas entram em contato e buscam os seus direitos”, disse o coordenador do centro, Ivonei Pires.

Primeiro do tipo em nível estadual, o Centro Nelson Mandela atende a uma demanda do movimento negro. Ao chegar na unidade, a vítima preenche uma ficha de cadastro e passa por triagem para avaliação do tipo de atendimento prioritário. As demandas são analisadas e encaminhadas aos órgãos competentes que fazem parte da Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, como o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública.

Acervo

Com a inauguração da biblioteca do Centro Nelson Mandela, no dia 28 de novembro deste ano, a população baiana ganhou um acervo especializado nos temas ‘Direito e acesso à Justiça’, ‘Psicologia’ e ‘Serviço Social’, em interface com as relações raciais. Os interessados em conhecer o espaço e doar obras relacionadas podem ligar para o telefone (71) 3117-7444 ou fazer uma visita de segunda a quinta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 17h, no Edifício Brasil Gás, na Avenida 7 de Setembro, em Salvador.

Para a representante da Steve Biko na Rede, Jucy Silva, a biblioteca é um passo significativo na promoção da igualdade racial, onde as pessoas podem ter acesso a importantes autores que se debruçaram sobre a trajetória da comunidade negra. “É a nossa história contada por nossa [gente]. Isso tem um diferencial muito grande. São obras que, com certeza, vão despertar a autoestima”.

O que fazer

– Procure uma autoridade policial e denuncie a ação imediatamente. Em caso de flagrante, o autor do crime deve ser preso

– Registre a queixa na delegacia da Polícia Civil mais próxima, onde deve narrar o ocorrido com o máximo de detalhes e indicando os nomes das testemunhas

– Peça ao policial para anotar na ocorrência o desejo de que o agressor seja processado e o crime investigado por meio de inquérito policial

– Procure o Centro Nelson Mandela para denunciar o caso e receber apoio jurídico, social e psicológico.