Aproximadamente mil vagas de emprego voltadas a pessoas com deficiência serão disponibilizadas por cerca de 90 empresas parceiras do Serviço de Intermediação para o Trabalho (SineBahia). Esta é a estimativa da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) para o Dia da Inclusão Social das Pessoas com Deficiência no Estado, o Dia D, marcado para sexta-feira (2). Os detalhes da iniciativa foram apresentados na manhã desta quarta (30), durante entrevista coletiva no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.
Esta terceira edição é voltada exclusivamente a trabalhadores com deficiência e reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em Salvador, as ações estarão concentradas na sede do SineBahia, na região do Iguatemi. De acordo com o titular da Setre, Álvaro Gomes, pela primeira vez, o Dia D será realizado simultaneamente em Irecê, Jequié, Itabuna, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.
“Achamos fundamental priorizar as pessoas com deficiência. Além de ampliar para cidades do interior, estamos desenvolvendo um trabalho permanente em parceria com a Secretaria de Justiça do Estado, empresas e sociedade, porque o nosso objetivo central é conscientizar, estimular, incentivar, dar oportunidade às pessoas com deficiência. Então, não podemos reduzir isso a um dia”, afirma Álvaro Gomes. Em todas as unidades do SineBahia, o cidadão encontra o serviço de emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e também a intermediação para o trabalho.
Passe Livre
A empresa com 100 ou mais empregados deve preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas. Segundo o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Geraldo Reis, que também participou da entrevista coletiva, entre as ações desenvolvidas pela Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Sudef) durante o Dia D, em Salvador, serão entregues 500 carteiras que garantem a gratuidade das pessoas com deficiência no transporte intermunicipal, conhecido como cartão Passe Livre.
“Do nosso ponto de vista, o Dia D é essencial no sentido de dar visibilidade [ao tema] e fazer com que as empresas e os empresários, além de cumprirem o que determina a lei [de contratação de pessoas com deficiência], internalizem que é absolutamente possível incorporar pessoas com deficiência física ao trabalho”, ressalta Geraldo Reis.
O SineBahia já realiza a inclusão de pessoas com deficiência durante todo o ano, por meio dos serviços do Centro de Atendimento ao Profissional de A a Z (Capaz), em funcionamento no SAC do Shopping Barra, na capital. Atualmente, o Capaz tem 4,1 mil trabalhadores cadastrados. Entre os anos de 2012 e 2015 foram realizados 20,5 mil atendimentos e 13,4 mil vagas oferecidas. Somente este ano, 4,7 mil pessoas foram encaminhadas para processos seletivos e 561 foram inseridos no mercado.
Conquista
Em 2014, a soteropolitana Marinês Muniz, 44 anos, foi uma das pessoas que conquistaram o emprego após a intermediação realizada pelo SineBahia durante o Dia D. Um ano se passou desde o dia em que ela começou a trabalhar no Núcleo de Atendimento à Comunidade da Universidade Católica de Salvador (Ucsal).
Com a mobilidade reduzida por causa de uma deficiência congênita nos membros inferiores que resultou na amputação da perna esquerda e na implantação de uma prótese auxiliar na direita, Marinês está tão satisfeita em trabalhar no ambiente universitário que decidiu ampliar os conhecimentos e hoje é aluna do segundo semestre de serviço social, um dos cursos de graduação oferecidos pela Ucsal.
“Gostaria de parabenizar o Dia D, porque na verdade, há um tempo atrás, a pessoa com deficiência não tinha acesso ao estudo, ao mercado de trabalho. Muitos deficientes, por falta de orientação da família, ficam mais dentro de casa. Tenho muitos amigos que ficam um pouco tristes também por não participar do mercado de trabalho”, diz Marinês.
A coordenadora do núcleo, Anailda Carvalho, afirma que Marinês é uma colaboradora aplicada. “Ela é uma excelente funcionária. Trabalha bem, é bem articulada, super atenciosa, interessada no trabalho, sempre procurando aprender. Trabalhamos com atendimento e ela está sempre procurando fazer o melhor”.
Educação especial
Com o intuito de preparar as pessoas com deficiência intelectual e múltipla para o mercado de trabalho, um conjunto de atividades é desenvolvido no Centro de Educação Especial da Bahia (CEEBA), no bairro de Ondina, onde estudam 523 pessoas nos dois turnos. Segundo a vice-diretora, Sidenise Estrelado, a unidade integra a rede estadual de educação e oferece diversas atividades que permitem ao aluno ser inserido no mercado de trabalho ou até mesmo desenvolver alguma atividade empreendedora com atuação no mercado informal.
“Realizamos oficinas de produção de mercadorias artesanais, oficinas de artes, jardinagem, serviços gerais e a padaria, que é um dos carros chefes da nossa instituição. Os alimentos produzidos por eles são consumidos, ou pela família, pelos próprios alunos ou pelos professores que nos visitam para cursos de formação”, explica Sidenise.
Capacitação de professores
Nesta quarta (30), o centro educacional realizou uma atividade para marcar o encerramento de um projeto de formação continuada, iniciado em março, com professores das redes estadual, municipal e do CEEBA. “Essa formação teve uma carga horária de 120 horas, sendo que 80 delas foram presenciais de cunho teórico, com diálogos e discussões. Finalizando hoje com um seminário de experimentação pedagógica. Os professores, que vieram fazer a formação no CEEBA, retornaram para seus ambientes de trabalho, aplicaram a experimentação e trouxeram os resultados do que eles conseguiram aplicar nos respectivos espaços educacionais”, acrescenta a vice-diretora.
Dona Iraci Barbosa é mãe de Jucimeira, 29 anos, aluna de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do centro. Para ela, ver a filha realizando o sonho de aprender a ler e escrever é motivo de orgulho. “Minha filha está se dando muito bem aqui. O tratamento é ótimo. A gente tem que procurar o que é bom para nossos filhos”.
Desde 2009, o CEEBA foi responsável por encaminhar e manter inseridas 86 pessoas no emprego. A professora Gorete Negreiros é a coordenadora do Núcleo de Educação para o Mercado de Trabalho da unidade de ensino. “Os alunos chegam ao CEEBA, inicialmente, em busca de uma escola com atendimento especializado. Eles ingressam pelas oficinas profissionalizantes e preparatórias. Os professores trabalham as habilidades que eles já trazem e as ampliam. À medida em que eles vão avançando, os alunos são encaminhados para outras oficinas, até eles adquirirem mais preparo e habilidades necessárias para o mercado de trabalho”, destaca a professora.