Dezenas de ruas residenciais e comerciais tomadas pela lama, com a destruição de casas e lojas. Móveis, eletrodomésticos, mercadorias, estoques empilhados nas ruas, onde nada ou quase nada se aproveita. Esse foi o cenário encontrado pelo governador Rui Costa nesta quinta-feira (30), em visita aos municípios de Wenceslau Guimarães e Teolândia, no Baixo Sul, na parte da manhã, e Santa Inês, Ubaíra, Jiquiriçá, Mutuípe e Laje, no Vale do Jiquiriçá, no período da tarde. Rui informou aos moradores e comerciantes que, na próxima semana, os municípios já contarão com uma agência avançada da Desenbahia, para obtenção de crédito para o comércio. A reconstrução das casas começa no início de janeiro.

“Nós vamos implantar já na semana vem, nas áreas atingidas, as agências avançadas da Desenbahia. Estou conversando com os comerciantes para oferecer um crédito de R$ 150 mil, com 12 meses de carência para começar a pagar e o pagamento será em 36 parcelas sem juros. Isso vai viabilizar que essas pessoas que perderam tudo recomecem a vida. São comerciantes de móveis, supermercados, lojas de calçados, oficinas, feirantes. Enfim, o desastre é gigantesco”, afirmou Rui.

Em Jiquiriçá, o governador conheceu Osberto Almeida, 51 anos, que perdeu o mercado que mantinha há 25 anos. Rui verificou no local o prejuízo: perda total. Para Osberto, “a visita do governador traz confiança de que teremos recursos para nos ajudar”. O comerciante também relatou as dificuldades enfrentadas. “Estou falando em nome de muitas pessoas que estão nessa situação. Sem a ajuda dessa união entre os governos estadual, municipal e federal, a maioria dos comerciantes não vão conseguir voltar a trabalhar. Hoje eu sou um desempregado. Não tenho como alimentar minha família, não tenho como pagar os impostos, não tenho como gerar emprego”, desabafou.

Reconstrução das casas

Sobre a reconstrução das casas, Rui destacou que é preciso retirar as famílias que vivem às margens do Rio Jiquiriçá. “A forma mais rápida de a gente fazer isso é em regime de mutirão. Eu estou provocando positivamente os prefeitos para saber quem vai conseguir começar mais rapidamente o cadastramento desses moradores. Assim que os documentos começarem a chegar, nós vamos fazer o convênio com o município e transferir o recurso para começar a reconstrução das casas. As pessoas vão viver em ruas pavimentadas, iluminadas, em condições dignas, sem ficar sobressaltadas em época de chuvas”.

Laje
Foto: Fernando Vivas/GOVBA

O governador afirmou que outro problema são as encostas. “Vi algumas em Teolândia, Mutuípe, Laje. Estou pedindo que os prefeitos levem os projetos, pois já mandei os engenheiros da Conder passarem nesses municípios, para já definir qual o tipo de proteção é o mais adequado para cada uma dessas encostas”.

Custos da reconstrução

Sobre os custos da reconstrução dessa grande parte da Bahia atingida pelas chuvas, Rui comentou que “serão necessários cerca de R$ 2 bilhões em investimentos para se reconstruir as estradas estaduais e federais, reconstruir as casas, sem falar no custo social. A expectativa é que o Governo Federal faça a sua parte. Moram 15 milhões de brasileiros na Bahia. Já nos primeiros dias de janeiro, queremos começar a reconstrução das primeiras casas. No extremo-sul, nós já estamos entregando geladeiras, fogões, botijão de gás, tudo o que nos comprometemos a entregar. Aqui, assim que houver o cadastro, vamos entregar também para que essas pessoas tenham sua geladeira, sua cama com colchão”.

Centro de distribuição de donativos

No município de Jiquiriçá, com o apoio do Governo do Estado, os moradores estão se organizando para a reconstrução da cidade. Para isso, um grande centro de arrecadação e distribuição de donativos foi montado no Ginásio de Esportes da cidade, visitado pelo governador nesta quinta-feira (30). No espaço estão concentrados os itens enviados pelo Governo do Estado, por meio do Corpo de Bombeiros. Colchões, cobertores, água potável e alimento são registrados e encaminhados para as famílias que mais precisam.

Reutilização de colchões

Por fim, Rui alertou que os colchões que foram molhados pelas águas das enchentes não podem ser reutilizados pela população. “Essas águas estão contaminadas com bactérias, fungos, sujeira de ratos, e toda essa sujeira contamina os colchões. Não adianta colocar no sol. Por isso, nós já distribuímos milhares de colchões que vieram de doações. Hoje estamos distribuindo cinco mil colchões que recebemos de doação. Ontem [29], eu autorizei a compra de mais cinco mil colchões. Então, é importante avisar às pessoas para não usarem esses colchões”.

Repórter: Raul Rodrigues