Comunicação que transforma: 450 jovens de comunidades rurais mudam de vida após a participação no projeto Comunicadores do Semiárido
Foto: Arquivo JC

Filhos de agricultores, indígenas, quilombolas e de assentados da reforma agrária tiveram a vida transformada através do projeto Jovens Comunicadores do Semiárido. A iniciativa do Governo do Estado – implantada, desde 2017, pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) – já formou 450 jovens de municípios estratégicos dos cinco Territórios de Identidade participantes do Pró-Semiárido. Todas as metas estabelecidas pelo projeto foram alcançadas, com destaque para a atuação cidadã, empoderamento da juventude e acesso a direitos, que chegou a 82% de participação.

As formações gratuitas eram realizadas em torno de dez temas ligados à área de comunicação e expressão: Cordel, Audiovisual, Democratização da Informação, Cidadanias 1 e 2, Fotografia Básica, Fotografia Avançada, Produção Textual, Marketing Digital e Técnicas em Entrevista. Além das oficinas, os jovens participaram de intercâmbios interestaduais, para conhecerem outras iniciativas de comunicação e juventude.

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A metodologia era baseada nos princípios de Paulo Freire – fundamentação humanista da educação, proporcionando ao indivíduo autonomia, consciência crítica e capacidade de decisão -, e cada oficina possuía 16 horas/aula. Durante o período da capacitação, os estudantes também viajavam para diversas cidades da Bahia para conhecer projetos de comunicação popular e educomunicação como forma de inspiração. Inclusive, 48% deles passaram a desenvolver ações comunitárias, superando em 18% a meta inicial estabelecida.

De acordo com a comunicóloga e idealizadora do projeto, Emília Mazzei, mais do que gerar oportunidades de trabalho, as formações transformaram vidas. “Claro que o trabalho e a geração de renda são importantes, visto que as juventudes precisam de autonomia e independência financeira para se manterem no campo e, assim, evitarmos o êxodo para as grandes cidades. Porém, o alcance de um trabalho como esse dialoga e gera espaços de trocas muito ricos, expandindo a consciência crítica, a integração e o repertório da turma”, enfatizou.

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Jovens que participaram do projeto contaram o que mudou após a formação. “Hoje, depois de ter passado pelas oficinas, temos poder, além da formação, e a capacidade de partilhar as sementes que foram plantadas em nós. Gratidão pelo Pró-Semiárido ter nos proporcionado isso: a capacidade de sermos multiplicadores de conhecimento”, relatou Rose Santos, da comunidade de Angico, em Juazeiro.

“Às vezes, a gente acha que só vai ter oportunidade em grandes pólos, mas os Jovens Comunicadores abriu portas, um olhar para que eu visse outras oportunidades, onde muitas pessoas diziam que não tinham. Pensava que, quando eu me formasse, teria que ir para uma cidade grande, porque, na cidade pequena, eu não iria conseguir nada, mas foi totalmente diferente”, contou Alef, da comunidade Caldeirão da Serra, Uauá.

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Mazzei ainda lembrou que a ideia de formar a juventude rural surgiu durante a sua atuação na assessoria de comunicação do Pró-Semiárido: “queríamos que esses jovens reconhecessem a própria história. E, se a juventude era um dos eixos a serem trabalhados, nós precisávamos investir nisso, dar total apoio e suporte”.

O ‘Jovens Comunicadores’ foi uma ação inovadora, disseminada nos 32 municípios, envolvendo 782 comunidades com jovens de 15 a 29 anos, sendo 58% desse público do sexo feminino. “Os conteúdos produzidos a partir do projeto eram disseminados nas redes sociais, em rádios comunitárias e para articulação de políticas públicas. Nesse contexto, o projeto se configurou como uma importante ferramenta de mobilização e profissionalização da juventude rural. Encerramos este ciclo com 82% dos jovens participando de espaços de atuação cidadã, uma superação de 32% em relação à meta estabelecida. Esses resultados promissores serão reaplicados no projeto Parceiros da Mata”, avaliou o coordenador-geral do Pró-Semiárido, César Maynart.

Foto: Arquivo JC

Principais indicadores de resultados:

  • 48% dos jovens atendidos pelo projeto desenvolvem ações comunitárias, superando em 18% a meta estabelecida;
  • 20% dos jovens geram renda a partir dos aprendizados no projeto;
  • 56% dos jovens permanecem na comunidade (zona rural), representando uma superação de 26% em relação à meta;
  • 82% dos jovens participam de espaços de atuação cidadã para empoderamento da juventude e acesso a direitos, uma superação de 32% em relação à meta estabelecida.

Pró-Semiárido

O Pró-Semiárido, iniciativa responsável pelo ‘Jovens Comunicadores’ e outros projetos, ocorreu por sete anos com o objetivo de contribuir para a redução da pobreza rural por meio da geração de renda, aumento da produção, a criação de oportunidades de trabalho agrícola e não-agrícola e o desenvolvimento do capital humano e social. O projeto deu protagonismo a mulheres e jovens, atuando em 32 municípios do semiárido da Bahia, localizados na região centro–norte do estado, que integram cinco Territórios de Identidade.

As localidades foram selecionadas a partir de índices de pobreza, exclusão social e semiaridez. Durante sua atuação, o projeto beneficiou 782 comunidades rurais, quilombolas, ribeirinhas, fundo e fecho de pasto e comunidades indígenas.

Repórter: Simônica Capistrano/GOVBA