Liberdade. Essa foi a mensagem das manifestações populares de carinho e protesto durante a primeira parte das comemorações deste 2 de julho. Os festejos tiveram início com o desfile que saiu do Largo da Lapinha, percorreu as ruas do Centro Histórico de Salvador, até chegar à Praça Municipal. Todo o trajeto foi acompanhado por milhares de baianos que fazem questão de homenagear os heróis da Independência, conscientes de que foi a Bahia que derramou o sangue para tornar o Brasil um País livre do domínio português.

O cortejo, como sempre, foi liderado pelas principais autoridades baianas, a exemplo do governador Jaques Wagner, do prefeito de Salvador, João Henrique, e do presidente da Câmara Municipal, Valdenor Cardoso. Além deles, outras autoridades, como ministros, deputados federais e estaduais, secretários estaduais e municipais, vereadores, seguiram o carro dos Caboclos, símbolos da resistência, até à Praça Municipal, onde foi encerrada a primeira parte dos festejos do dia da Independência da Bahia.

Para Wagner, a participação popular demonstra o carinho da população baiana com a data, símbolo de cidadania, coragem, liberdade e justiça social. “Este é um 2 de julho diferente, as manifestações de reivindicação são normais e querem dizer que esta é a primeira vez na história da Bahia em que há a total liberdade de expressão”, afirmou. Ele disse que a data é importante não somente para a Bahia, mas para o Brasil, pois, destacou Wagner, a verdadeira independência se deu aqui.

Para o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, a data é uma festa popular, em que se celebra a liberdade. “As manifestações culturais são a representação da identidade, da reflexão e da vida do baiano”, disse o secretário. Ele ressaltou ainda que este ano o resgate do hino da Bahia retomou a sua forte simbologia, destacando o refrão do hino que diz “nunca mais o nepotismo regerá nossas ações, com tiranos não combinam brasileiros corações”.

Concordando com Meirelles, o secretário da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto dos Santos, entende que festa, mais do que oficial, é do povo. “Aqui se pratica a democracia nas mais variadas formas. Essa idéia de promoção da igualdade está expressa exatamente aqui, compreendendo as diferenças culturais, religiosas, políticas que se manifestam no trajeto”, comentou.

Manifestação dos professores

Um pequeno grupo de professores da rede estadual de ensino, em greve há mais de 50 dias, aproveitou o cortejo para se manifestar contra o governo, o que não incomodou o governador Jaques Wagner, que absolveu com naturalidade o protesto. Para ele, o impasse com os professores foi superado com a instalação da mesa de negociação que vai discutir as reivindicações da categoria. O governador lembrou que a maioria das escolas do estado já retomou as aulas. “Apenas uma pequena parcela insiste em continuar a greve. Eles precisam voltar às salas de aula para que os alunos possam estudar e não sejam prejudicados”, convocou.

Wagner disse que os protestos dos professores, apesar de legítimos, demonstram a falta de compreensão desse pequeno grupo que ainda não conseguiu entender que em seis meses não se pode recuperar tudo que estava relegado há mais de 40 anos e que levou o estado a apresentar os piores indicadores do país, não apenas no setor educacional, mas em muitos outros.

Disse ainda que o governo fez um grande esforço para conceder, não só aos professores, mas todas as categorias de servidores estaduais, o maior reajuste oferecido em todo o Brasil. “Essas manifestações não tiram o brilho da festa, que é da independência, de uma história de luta. Quem está insatisfeito está lutando, mas os aplausos são maiores. Há um reconhecimento de que está construída uma nova etapa da história da Bahia”, concluiu.