Idade não é impedimento para participar de festa popular. Pelo menos foi o que mostrou o grupo da Maior Idade que não perdeu um minuto do desfile da Independência. Já durante a concentração, no Largo da Lapinha, antes da chegada das autoridades, cerca de 30 mulheres vestidas com camisetas com os dizeres Maior Idade, disputavam, com jovens, bonés e bandeiras da Bahia que estavam sendo distribuídos por órgãos do governo e da prefeitura.

Quando foi iniciado o desfile do Dois de Julho, estavam todas perfiladas cantando o Hino Nacional. Dada a largada, formaram uma verdadeira ala abrindo a passagem dos partidos políticos, logo após do grupo que acompanhava o prefeito de Salvador, João Henrique. E não se cansaram. Partiram da Lapinha, caminharam pelas estreitas ruas do Centro Histórico de Salvador e chegaram à Praça Municipal, no empurra-empurra característico de grande concentração de gente. E melhor, não apresentavam sinal de cansaço, apesar da longa e difícil caminhada que enfrentaram.

Foi assim que a aposentada Rosalva Santana, 72, trajando uma saia florida e a camiseta do grupo, impecavelmente maquiada chegou à Praça Municipal, ponto final da primeira etapa do Desfile do Dois de Julho, data que marca a luta travada pelos baianos para se libertar do julgo português. “Só vou perder um desfile da Independência quando estiver morta”, diz. Questionada sobre a longa caminhada debaixo do forte sol que marcou o dia, ela responde: “Na nossa idade, temos poucas opções de diversão, lazer. Isso aqui é um prazer”.

Maria da Penha, 68, também aposentada, diz que faz questão de participar do desfile porque acha lindo o cortejo liderado pelos carros dos Caboclos, símbolo da luta pela liberdade. “Além do significado histórico, é uma festa nossa, que você não vai encontrar em outro lugar do mundo”, defende ela, mesmo sabendo que não é bem assim. “Olha, uma festa popular como essa, com Caboclo e Cabocla, essa gente festiva, essa alegria toda, você não vai encontrar nem no 7 de Setembro”, afirma Maria da Penha, referindo-se à festa da Independência do Brasil. “Aquilo é muito formal, muito oficial. Não é uma festa do povo”, opina.

O americano Matt Smith, 31, empresário, acostumado com a festa da Independência americana (4 de Julho), mostrou-se encantado com o desfile, especialmente com a alegria e participação das simpáticas integrantes do grupo da Maior Idade. “Elas tem uma grande disposição. É difícil caminhar por essas ladeiras, esse piso irregular e neste sol. Não sei como elas agüentam”, sentencia.