Doutores de todo o país ligados às mais diversas áreas do conhecimento têm até 31 de agosto para enviar suas propostas para o edital do Programa de Fixação de Doutores no Estado da Bahia/Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (Prodoc/DCR), desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Estão sendo investidos cerca de R$ 4 milhões, destinados à concessão de bolsas para 22 doutores, auxílio-instalação, passagens aéreas e recursos para a realização das pesquisas desenvolvidas pelos doutores contemplados.

O Prodoc tem como finalidade promover a renovação do quadro de recursos humanos das instituições de pesquisa e empresas do estado, propiciando o fortalecimento dos grupos de pesquisa existentes, além de favorecer a criação de novas linhas e grupos de pesquisa de interesse local.

“Dessa forma, o programa contribui para a consolidação de uma base científico-tecnológica capaz de incrementar setores e atividades considerados de importância estratégica para o desenvolvimento regional”, afirmou a diretora-geral da Fapesb, Dora Leal Rosa.

O Prodoc atua em duas frentes: a de regionalização, que é caracterizada pela atração de doutores de todo o país ou de baianos que tenham atuado por mais de um ano em outro estado, e a de interiorização, que visa atrair doutores, baianos ou não, para microrregiões da Bahia carentes de desenvolvimento científico-tecnológico.

“Essa atuação em duas vertentes tem como objetivo diminuir as desigualdades quanto ao desenvolvimento científico e tecnológico tanto da Bahia em relação a outras regiões do Brasil, quanto dentro do próprio estado”, explicou o diretor científico da Fapesb, Robert Verhine.

Apoio a projetos

Desde que foi criado, em 2002, o Prodoc apoiou os projetos de 128 doutores, dos quais 34 fixados no estado, ou seja, que já integram o quadro de funcionários de empresas, centros de pesquisa e instituições de ensino superior da Bahia.

Entre os contemplados em edições anteriores do programa está a baiana Ieda Rebello, que cursou doutorado em Radiologia na Paraíba, mas sempre sonhou em trabalhar com o tema em sua terra natal.

Em 2004, quando tentava pela segunda vez uma vaga de professora na Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ieda foi aprovada. “Daquela vez a minha pontuação aumentou bastante, por eu já estar no Prodoc. Sei que esse fato foi decisivo para a minha aprovação no concurso”, destacou.

Com os recursos que obteve do programa, Ieda se dedicou ao diagnóstico de cistos e tumores benignos nos maxilares. Cerca de 100 pacientes já foram atendidos para tratar as lesões o mais cedo possível, evitando realizar intervenções mutiladoras nos casos mais graves de malignidade.

“Com os avanços que temos feito nessa área, viramos referência nacional, porque somos os únicos no país capazes de revelar a densidade desses tumores. Hoje, analisamos imagens de exames realizados até por equipes da USP”, disse.

Além desse trabalho, Ieda tem levado seus esforços na direção de um projeto que só tem similares no Japão. “Queremos aproveitar os resultados da radiografia panorâmica – exame comum nos consultórios odontológicos que revela toda a parte óssea da face – para diagnosticar uma eventual osteoporose. Para isso, precisamos estabelecer parâmetros da densidade óssea dos brasileiros, diferente da dos japoneses, por conta da nossa miscigenação”, observou.