No jogo eletrônico, um bonequinho vai matando o mosquito da dengue e limpando as áreas da cidade do agente transmissor da doença. Esta é apenas uma maneira didática e divertida de popularizar o ensino da ciência entre as crianças e adolescentes brasileiros, principalmente os alunos das séries iniciais. O assunto foi tema da palestra Ensino das Ciências para Alunos do Ensino Fundamental e Médio, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), como parte da semana comemorativa dos seus seis anos de existência.
O evento levou ao Museu de Ciência e Tecnologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, estudantes e professores das redes pública e particular de ensino, para assistir a palestra da professora Beatriz de Castro Athayde, do projeto Mão na Massa, idealizado pela Associação Brasileira de Ciências. A iniciativa é destinada ao ensino das ciências nas séries iniciais.
Houve também palestra do médico parasitologista Marcos Vannier, coordenador do projeto Ciência na Estrada, uma parceria da Secti-Fapesb com a Fiocruz-Ba, para popularizar e divulgar o conhecimento científico.
Na abertura, a diretora-geral da Fapesb, Dora Leal, destacou a necessidade de fortalecer, nas escolas, a educação científica e a popularização da ciência. “Para que a gente, na idade adulta, faça ciência é preciso despertar, desde criança, o gosto e a curiosidade pela investigação científica”, observou Dora Leal.
Graduada em licenciatura em Física pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Beatriz Athayde apresentou o projeto Mão na Massa, que visa motivar o ensino das ciências nas séries iniciais das escolas da rede pública de ensino, através da metodologia científica.
O Mão na Massa procura trabalhar os conteúdos de ciências de forma diferente, incentivando os estudantes a participarem de experiências, em sala de aula. Para isso, são fornecidas maletas com materiais que dispensam o uso de laboratórios, uma espécie de “kit científico”.
“Queremos formar alunos autônomos, reflexivos e críticos”, afirmou a professora. Segundo ela, o projeto vem colhendo bons resultados, como maior estímulo nos estudos, desenvolvimento na escrita, maior compreensão dos assuntos, menos dispersão e mais observação na sala de aula. Beatriz cita a frase de um aluno de uma escola municipal de São Paulo, para ilustrar a motivação despertada pelo projeto: “Com o projeto Mão na Massa, eu gostei mais da escola”. Antes do Mão na Massa, o menino “filava” muito as aulas.
Já Marcos Vannier informou que o objetivo do projeto Ciência na Estrada é mostrar que a educação pode funcionar como estratégia eficiente de saúde pública e reduzir os riscos de doenças que podem ser facilmente evitadas, com ações de higiene e saúde pública. “Hoje, a diarréia mata 4 milhões de pessoas, por ano, no mundo, mais do que a tuberculose, o câncer e a Aids. É preciso popularizar os meios de combater e evitar a doença”, disse Vannier. Conforme o pesquisador da Fiocruz, pouca gente sabe o corpo humano tem dez vezes mais bactérias do que células. “Somos um condomínio microbiano”, comparada.
Vannier disse também que muitas doenças parasitárias podem ser evitadas com ações simples, como lavar bem as mãos e evitar molhar os pés na lama e em águas contaminadas . Um convênio com a Fapesb, permitiu à Fiocruz-Ba adquirir um microônibus para projeto Ciência na Estrada, além da realização de cursos e palestras itinerantes na capital e no interior do Estado.