O delegado chefe da Polícia Civil, João Laranjeira, determinou hoje (4) à Polinter, que mantenha contato com delegacias de polícia de todo o país visando capturar os policiais civis Heriélson Lopes Santos (Três Quinas), José Jorge Fernandes de Jesus (Cabeça) e Márcio Antônio Freire Bastos e do ex-policial civil Ivan Jorge Santana – afastado definitivamente da instituição, em 2004 – e dos policiais militares Eromir Alves Nascimento (Tenente Bi) e Ângelo Petrônio de Jesus.

Envolvidos com a quadrilha do traficante Leno Silva Alves (o Leno), desarticulada pela Polícia Civil em fevereiro do ano passado, na Baixa do Soronha, em Itapuã, eles foram condenados pelo juiz da 1ª Vara de Tóxicos, Alfredo Santos Couto, a 15 anos e dois meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de tráfico de drogas e extorsão, além da perda dos cargos – exceto Ivan Jorge, afastado anteriormente.

Assim que teve conhecimento da sentença do juiz, assinada em 16 de agosto passado, João Laranjeira instruiu toda a Polícia Civil a permanecer no encalço dos acusados, mantendo, desde então, um grupo de três delegados trabalhando no sentido de capturá-los. “O pior delinqüente é o policial pago pelo contribuinte para defender a sociedade”, declarou o delegado.

As investigações sobre a quadrilha de Leno Silva Alves, morto no final do ano passado, em confronto na região de São Caetano, foram conduzidas pelo então diretor do Departamento de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), Cleandro Pimenta (hoje titular da DECECAP) e o diretor do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), delegado Arthur Gallas. Apurou-se que Heriélson e José Fernandes recebiam, semanalmente, R$ 500,00 e Márcio Antônio, R$ 300,00, do líder do tráfico da Baixa do Soronha para acobertarem o crime, além de se apossarem das drogas apreendidas em poder da quadrilha.

O tenente PM Eromir Alves Nascimento e o soldado PM Ângelo Petrônio de Jesus recebiam, semanalmente, R$ 600,00 para não “incomodar” as atividades do tráfico na Baixa do Soronha. Além dos três policiais civis, dos dois militares e do ex-policial Ivan, a denúncia feita pelo Ministério Público ao juiz Alfredo Santos Couto relacionou os traficantes Leno Silva Alves, Dênis Dias Gomes (Mantena), Ronaldo Oliveira Cardoso (Mia), Leomar Silva Alves (Peixe), Jorge Alberto Lima de Almeida (Pit) e Adriano dos Santos Soares (Badica).

Desarticulação do bando

Após vários meses de investigação, a Polícia Civil desarticulou, em 16 de fevereiro do ano passado, a quadrilha de Leno Silva Alves, que vinha atuando há dois anos no tráfico de drogas, em Salvador. Na operação policial, foram apreendidos mais de 35 quilos de maconha 4,5 quilos de crack e 3,6 quilos de cocaína, além de balança de precisão, pistolas, revólveres, munição, celulares, toca-fitas, R$ 24 mil, US$ 10 mil e outras cédulas estrangeiras como euro e franco.

Oito pessoas envolvidas com o tráfico foram presas na época e apresentadas à imprensa, na sede da Polícia Civil. O chefe do bando, Leno, e o irmão dele, Dênis Dias Alves, fugiram e continuaram sendo procurados. Em abril do ano passado, Dênis foi preso na localidade de Morro de São Paulo. Integrante de uma lista dos criminosos mais procurados pela polícia baiana, Leno, também conhecido pelo apelido de “Jagunço”, foi localizado pela polícia, ao meio-dia do dia 20 de dezembro, reagiu a voz de prisão e acabou morto.

Durante a operação na Baixa do Soronha, em fevereiro de 2006, batizada de “Lagoa Azul”, a polícia também encontrou grande quantidade de jóias com a quadrilha, que executou uma de suas ações mais ousadas em 24 de outubro daquele ano, quando Leno, acompanhado de outros bandidos, invadiu o Fórum de Lauro de Freitas e resgatou o comparsa Eduardo Jesus Oliveira, o “Duda Simpson”, durante uma audiência.

A “Operação Lagoa Azul” envolveu 50 policiais civis, sob o comando do diretor do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP), delegado Artur Gallas, do então diretor do DTE, delegado Cleandro Pimenta, com o apoio do então Diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), delegado Hélio Jorge (hoje diretor do DTE), do COE e da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da Segurança Pública.

Em dezembro do ano passado, policiais do DCCP apreenderam uma granada, um fuzil AR-15 de fabricação americana, três submetralhadoras 9mm e duas pistolas calibre 45, que faziam parte do arsenal da quadrilha de Leno. As armas foram localizadas, juntamente com outros objetos, enterradas no quintal de uma casa no Jardim Caiçara, no bairro de Brotas.