O programa Cultura e Pensamento, do Ministério da Cultura, em sua terceira edição, traz a Salvador um ciclo de 10 conferências com intelectuais renomados do pensamento cultural contemporâneo.
A etapa baiana do programa é organizada pela Fundação Pedro Calmon e acontece até 24 deste mês, sempre às 19h, no Anfiteatro da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Terreiro de Jesus.
O ciclo de conferências foi aberto na segunda-feira, com a presença do músico, poeta e professor de Literatura da Universidade de São Paulo (USP), José Miguel Wisnik, que debateu o tema Heterodoxa Mutação.
“O humano é mutante por natureza. Sem isso não teríamos esse panorama de avanços atuais, como a informática, a nanotecnologia, a biomedicina”, explicou Wisnik, ressaltou o impacto das novas tecnologias nas relações humanas e no entendimento do homem sobre si mesmo, o que chamou de “fetichismo moderno midiático e tecnológico”.
A Bahia foi citada por ele como exemplo de constituição dialética e paradigmática, “pois, como primeira sociedade letrada do Brasil, nasceu da combinação singular entre o catolicismo barroco ibérico e o politeísmo africano”.
Segundo Wisnik, na década de 50, o reitor da Ufba, Edgard Santos, trouxe a modernidade. “Desse choque com o pensamento local nasceram o Cinema Novo e o Tropicalismo”, afirmou.
Já o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro de Araújo, destacou a singularidade cultural baiana, “que vive uma identidade fotossintética, na qual as práticas africanas, graças à astúcia dos antepassados negros, tiveram que conviver com o rigor do colonizador. Aqui prevaleceu o jogo, o ajuste, um ser ou não ser, até que lhe seja conveniente. E não uma rigidez formal e fechada”.