O resultado do comércio exterior da Bahia em 2006 alcançou recorde histórico de US$ 11,3 bilhões, sendo US$ 6,8 bilhões em exportações e US$ 4,5 bilhões em importações. O valor é 21,6% superior ao obtido em 2005, consolidando o estado como sexto maior comércio externo do país. O resultado foi divulgado hoje (10) pelo Centro Internacional de Negócios da Bahia (Promo), vinculado à secretaria da Indústria, Comércio e Mineração.

De acordo com técnicos do Promo, as exportações cresceram 13,1%, influenciadas pelos preços em alta de commodities, sobretudo do setor mineral; pela manutenção do ritmo de crescimento da economia mundial em 2006, principalmente pelo impulso dado pelas economias norte-americana e chinesa; e pela maior diversificação da matriz industrial do estado. A implementação de novas unidades produtoras e a ampliação de investimentos já existentes trouxeram à pauta maior número de produtos de consumo final, com maior valor agregado, resultado do ambiente macro econômico favorável ao crescimento da economia e da reorganização e diversificação produtiva por que passa a economia baiana.

Segundo o novo superintendente do Promo, Ricardo Saback, em 2006 os preços voltaram a influenciar significativamente o aumento das exportações, atingindo uma alta média de 27,4% em relação a 2005, contra uma redução de 11,2% na variação do quantum. Os ganhos de preços, portanto, foram determinantes no desempenho das exportações, já que o volume embarcado vem caindo em função do câmbio e da restrição à expansão da oferta no mercado interno.

Pelos dados do Promo, os preços internacionais das commodities exportadas pelo estado, principalmente as minerais, (cobre, ouro, platina, resíduos de metais preciosos e magnesita, dentre as principais), responderam por 64,8% do incremento total das exportações baianas no ano passado, que foi de 13,1%. A rentabilidade das vendas desses produtos vem neutralizando o efeito do câmbio sobre o conjunto das exportações estaduais, além de se constituir em alternativa de vendas constantes, já que o mercado interno vem crescendo lentamente.

Esse cenário de preços aquecidos vem compensando, para vários setores exportadores, a valorização do real, assegurando a continuidade do  dinamismo ao setor externo este ano. Para Saback, o crescimento de 5% projetado para o comércio internacional em 2007 prenuncia que o cenário de preços internacionais altos persista porque deriva de mudanças estruturais no padrão do comércio internacional. “Com o mercado externo comprador, medidas que aumentem a competitividade, como a redução de impostos, os juros menores e melhorias na infra-estrutura poderão prolongar bastante o fôlego exportador”, explica.

O destaque das exportações no ano de 2006 ficou com o setor metalúrgico, com crescimento de 78%. O principal responsável pelo desempenho do setor foi o negócio do cobre (catodos, fios e resíduos), impulsionado pelas cotações do produto no mercado internacional, que chegou a superar os US$ 8 mil a tonelada, derivado das tensões geopolíticas, receios de escassez no fornecimento e forte demanda, principalmente da China. As exportações do setor metalúrgico alcançaram o recorde de US$ 1 bilhão.

Dados do Promo revelam que a liderança das exportações, contudo, permanece com o setor químico/petroquímico, que responde por 20% de participação nas exportações totais da Bahia, vendas de US$ 1,35 bilhão e crescimento de 17,2%. Apesar das dificuldades com o câmbio, o setor automotivo cresceu 5,6%, com vendas que chegaram a US$ 920,6 milhões no período (4º maior segmento da pauta do estado).

Outro setor que apresentou bom desempenho foi o de papel e celulose, que registrou vendas de US$ 715,4 milhões e crescimento de 64,7%, fruto do aumento da demanda e melhora nos preços.

Com relação às exportações do agronegócio, houve melhora do quadro a partir de setembro de 2006. Frutas, café, algodão, sisal e fumo registram desempenho positivo em suas exportações no período de janeiro a dezembro, embora pudessem obter resultados melhores. As exportações destes produtos foram comprometidas pela estiagem, pelo câmbio e pela descapitalização de produtores. 

Outros setores com bom desempenho na pauta de exportações foram o mineral, com US$ 221,7 milhões e 43,2% de crescimento; e o de borracha, com US$ 76 milhões e crescimento de 62,4%, graças às vendas de pneus, alavancadas pela indústria recentemente instalada no estado.

Os EUA foram o maior destino dos nossos produtos. A Bahia exportou para lá US$ 1,2 bilhão em 2006, o que representa um crescimento de 13,8% em relação ao ano anterior. Esse crescimento, embora positivo, foi menor do que o das vendas para a União Européia, que cresceram 22,8%, passando a ser o principal destino para os produtos, em termos de bloco econômico. A Argentina vem em segundo lugar, com compras de US$ 789,3 milhões; seguida pelo México, com US$ 586,3 milhões. As Bahamas, em função das compras de petróleo, aparece em quarto, seguidas por Países Baixos, Bélgica, China e Itália.

As maiores empresas exportadoras em 2006 foram a Petrobrás, US$ 1,14 bilhão; a Ford Nordeste, US$ 913,6 milhões; a Caraíba Metais, US$ 857,6 milhões, a Braskem, US$ 578,7 milhões; e a Veracel Celulose, US$ 350,2 milhões

Importações

Segundo estatísticas do Promo, as importações baianas tiveram em 2006 trajetória crescente, graças ao dólar mais barato, ao crescimento da atividade industrial interna e ao aumento das compras de bens de consumo. No ano, as importações chegaram a US$ 4,5 bilhões, acima 39,1% em relação a 2005.

As importações seguiram a maior parte do ano de 2006 num ritmo de crescimento acima das exportações. O câmbio valorizado foi o grande responsável por esse movimento, fazendo com que as compras externas crescessem, inclusive, muito acima da produção industrial (4% até outubro).

No acumulado do ano, de acordo com o Promo, o maior incremento nas importações foi de bens de consumo duráveis, com variação de 127% e participação de 10,2% do volume total de compras. O setor de bens intermediários liderou o volume importado, com US$ 2 bilhões e crescimento de 56,2%. O setor de bens de capital, que sinaliza mais investimentos e modernização na economia, cresceu 31,1% no ano, atingindo US$ 992,5 milhões.

O Chile, por conta das importações de minério de cobre pela Caraíba Metais, é o principal fornecedor do estado, com um crescimento de 119,1% e US$ 915,7 milhões em vendas para a Bahia até novembro, seguido pela Argentina, EUA, Argélia, México e China. Esse último vem crescendo como fornecedor de peças e aparelhos para a indústria eletroeletrônica, principalmente as exportadoras.