Definir a nova concepção de atuação do Estado na área do centro tradicional de Salvador e transformar o Projeto de Reforma e Recuperação do Centro Histórico num programa participativo, definido em diálogo aberto e democrático com a comunidade. Este é o objetivo central do Grupo de Trabalho do Centro Antigo, criado no último dia 23, em reunião na Fundação Pedro Calmon, no Palácio Rio Branco.

O novo fórum governamental de debate e ação é composto pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedur), Secretaria da Cultura (Secult), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Salvador, Instituto Pedro Calmon e Fundação Gregório de Matos.

A decisão de trabalhar com o conceito de centro antigo saiu dessa primeira reunião. O entendimento de que existem outras regiões da cidade que se configuram como centro, caso do Iguatemi, levou o grupo a optar por especificar a região em foco: o centro antigo da cidade, compreendendo o Pelourinho dentro de um contexto mais amplo.

“A ação do estado na área do Centro Histórico começa a romper com a lógica da manipulação dos símbolos culturais da comunidade e dá os primeiros passos para uma intervenção embasada numa leitura antropológica e cultural da realidade, pautada pelo diálogo e por decisões coletivas”, afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano Afonso Florence.

“Este é um momento de nos fazermos muitas perguntas, temos que ouvir muito para implantar um modelo sintonizado com as demandas do século XXI e que coloque as pessoas em primeiro plano”, argumenta o secretário de Cultura do Estado, Márcio Meireles.

O presidente da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, defende a mesma posição. “Mais do que uma perspectiva técnica, é preciso andar pelo Centro, encontrar as pessoas, conversar e a partir daí operar de acordo com os anseios da população”, disse. Para ele, o uso turístico não deve preponderar em detrimento dos habitantes da área que conferem identidade ao lugar. Para o presidente da Fundação Gregório de Matos, Paulo Lima, o modelo de espetacularização do Centro Histórico tem que ser repensado. “É louvável essa articulação entre os poderes”, disse.

Ícone da arquitetura barroca colonial e muito explorado pelo marketing político e eleitoral do grupo político que dominou o estado nos últimos anos, o Pelourinho tem agora a garantia de um novo tratamento por parte dos poderes públicos.

A articulação dos diversos setores do Estado e do município já indica um horizonte de transformações no trato das questões referentes ao Centro Histórico e todo o seu entorno na nova conjuntura política do estado. A Vila Nova Esperança (antiga Rocinha do Pelourinho) será uma área piloto, onde o governo pretende iniciar as intervenções de acordo com a nova diretriz participativa.