O primeiro passo para a reforma do histórico Quartel dos Bombeiros na Barroquinha foi dado hoje (26), com a apresentação e entrega oficial do projeto de recuperação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no local, que sedia o 1º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM). O projeto foi entregue ao presidente nacional do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, pela chefia do Corpo de Bombeiros, juntamente com o secretário da Cultura, Márcio Meirelles e representantes do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac). Devido à urgência das intervenções no prédio, que está prestes a completar 90 anos, até segunda-feira deve ser montado um grupo de trabalho para definir um planejamento das ações e a viabilização dos recursos.

Orçado em R$ 4,8 milhões, o projeto, elaborado pela arquiteta Elizabete Gândara, do Ipac, prevê a reforma de toda a estrutura do prédio, desde os telhados, instalações elétricas e hidráulicas até a fachada – preservando suas características originais. “Verificamos problemas em toda a construção, como fissuras, infiltrações, umidade e parte elétrica e hidráulica em péssimas condições”, citou Gândara, enquanto apresentava o levantamento na reunião, que contou também com a presença de representantes da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e do Ministério Público.

O projeto engloba ainda a criação de um centro cultural, com a reativação e ampliação do museu e implantação de biblioteca, videoteca, arquivo, auditório e espaço para ensaios e apresentações da banda da corporação e de um serviço médico-social, com consultórios médico e odontológico, enfermaria e assistência social.

Sem nunca ter passado por uma reforma de grande porte, o quartel da Barroquinha já havia recebido notificações da Sucom, Codesal e Defesa Civil, e solicitação de desocupação pelo Ministério Público. “Não podíamos esvaziar totalmente o prédio pelo fato de, no Centro Histórico haver incêndios freqüentes. Como os outros grupamentos ficam longe, seria complicado uma ação imediata em casos de urgência, mas estamos com a equipe bastante reduzida”, explicou o coronel Sérgio Alberto da Silva. O 1º GBM reúne no total cerca de 210 integrantes.

O descolamento de parte da fachada do adorno lateral do prédio, durante o Carnaval de 2006, com a queda de mais de 400 quilos de massa, foi um dos incidentes que mais assustou a corporação e tornou a ainda mais crítica a situação do local. Também por conta do péssimo estado das instalações, pela primeira vez a Festa de Santa Bárbara – padroeira dos Bombeiros – não foi realizada no quartel, em dezembro passado.

O presidente do Iphan destacou que a requalificação do quartel ganha ainda mais importância “pelo uso, pela capacidade que o Corpo de Bombeiros tem de exercer uma política de salvaguarda, de prevenção de incêndios e sinistros dentro do Centro Histórico. Ficou claro nessa reunião que vai ser feito um esforço entre todos os interessados, como secretarias da Cultura e de Segurança Pública, órgãos federais, estaduais e municipais, para viabilizar que o exercício dessa atividade seja feito com qualidade e com segurança, também para os próprios bombeiros”, declarou Almeida.    

O superintendente do Iphan na Bahia, Eugênio Lins, destacou a necessidade de um plano emergencial de salvaguarda para todo o Centro Histórico. “O olhar não pode ficar só na questão do prédio, tem que ser ampliado. É preciso treinar moradores, comerciantes, para que eles saibam, por exemplo, como se comportar e agir em situações de risco”, observou.

 “Nesse momento é preciso uma união de forças para que esse projeto aconteça. Existe a intenção, o interesse, a consciência da urgência e da necessidade”, comentou Márcio Meirelles, garantindo que iria acionar o governador Jaques Wagner e o secretário da Segurança Pública, Paulo Bezerra, e que os próximos passos incluem a elaboração de um plano de recuperação do Centro Histórico e a definição do grupo de trabalho, com representantes do Corpo de Bombeiros, Ipac, Iphan, Codesal e Conder, entre outros.

Com uma área total construída de aproximadamente 3,5 mil metros quadrados, o Quartel dos Bombeiros da Barroquinha foi o primeiro aquartelamento da classe  construído na Bahia. Junto com o projeto de recuperação, o Corpo de Bombeiros solicitou também o tombamento do prédio.