A reativação do sistema ferroviário de transporte de passageiros ligando Salvador a sete municípios da Região Metropolitana foi discutida hoje (8) por representantes do Governo do Estado, União e prefeituras. O encontro aconteceu durante o Ciclo de Conferências “Desafios para a Construção da Política de Desenvolvimento Urbano da Bahia”, realizado pela secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), no auditório do Edifício Suarez Trade, na região do Iguatemi.

O sistema ferroviário de transporte vai ligar diretamente Salvador a Alagoinhas, passando pelos municípios de Simões Filho, Camaçari, Dias D’Ávila, Mata de São João, Pojuca e Catu. Representantes do Ministério dos Transportes, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Sedur discutiram como será estabelecido entre eles o consórcio público para gerir o sistema.

“Nós estamos iniciando hoje um ciclo de debates preparatórios para a Conferência Nacional de Cidades. Estamos compartilhando informações com os gestores municipais e a União para encontrarmos uma solução para transportes de passageiros em particular buscando uma solução para o trem regional”, disse o secretário de Desenvolvimento Urbano, Afonso Florence.

O secretário disse ainda que, a lei de consórcios públicos, recentemente sancionada pelo presidente Luís Inácio, aponta um marco regulatório para cada tipo de situação, que deve ser ajustado para cada caso. A operação dos trens, de acordo com ele, deverá contar com uma interferência mais forte dos municípios. “A nossa expectativa é formular um modelo em que cada esfera do poder tenha uma responsabilidade”, completou.

O governo federal está promovendo a retomada dos trens de passageiros no Brasil. Atualmente, 28 trechos situados entre o Maranhão e o Rio Grande do Sul possuem projetos de revitalização. “Primeiro temos que avaliar a demanda e custos de investimentos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um órgão parceiro nesse projeto que visa oferecer um transporte de qualidade, sobretudo para os trabalhadores da capital que vivem nas cidades da região metropolitana”, disse o diretor do Departamento de Relações Institucionais da Secretaria Nacional de Política de Transportes do Ministério dos Transportes, Afonso Carneiro.

A idéia é que em todo o País os trens obedeçam a um padrão. A meta é investir em trens modernos com velocidades em torno de 80 quilômetros por hora. “Queremos um modelo para todos os estado com trens bonitos, velozes e seguros e de manutenção barata. Estamos trabalhando para reativar esse transporte extinto desde 1990”, afirmou o diretor de planejamento da CBTU, Raul de Bonis.

O trem é um meio de transporte econômico e menos poluente, sua utilização além de reduzir o consumo de combustível provoca a redução de congestionamentos, dos gastos públicos com infra-estrutura rodoviária e provoca menor impacto ambiental. O custo da passagem também é menor do que a de ônibus. Em Salvador, por exemplo, cobra-se R$ 2 pela passagem de ônibus, já a de trem custa R$ 0,50.

A linha férrea da Região Metropolitana de Salvador vai passar por áreas de grande concentração de indústrias como Ford, Complexo Petroquímico de Camaçari e Aratu para onde os funcionários se deslocam de carro ou ônibus provocando um aumento de fluxo nos horários de saída e entrada dos turno de trabalho.

Além da ligação com Alagoinhas, estão em estudo a revitalização dos trechos Salvador-Santo amaro, Salvador-Feira de Santana, Salvador-Candeias e Senhor do Bonfim-Juazeiro. O prefeito de Alagoinhas, Joseildo Ramos, acredita que a reativação das ferrovias vai impulsionar o turismo na região. “A viagem de Salvador a Alagoinhas pela ferrovia é muito bonita e cheia de história”. Ele destaca ainda a capacidade das ferrovias de alavancarem o crescimento de uma região. “Alagoinhas alcançou o nível de desenvolvimento que tem hoje por conta do seu posicionamento. A cidade é o maior entroncamento ferroviário do Nordeste”, disse.