Os moradores do Loteamento Moradas da Lagoa, situado entre os bairros de Coutos e Valéria, receberam hoje (28), a visita da presidente das Voluntárias Sociais, Fátima Mendonça, que foi conhecer a realidade social do local. Sob o sol forte e com a disposição de inspecionar o projeto, uma iniciativa inovadora de ocupação urbana, que deveria reunir num mesmo espaço moradia, educação, saúde, lazer e trabalho, Fátima Mendonça encarou a maratona de percorrer toda a estrutura montada no local.

Lideranças comunitárias, mulheres e crianças se reuniram na entrada do centro comunitário para aguardar a chegada da primeira-dama. A expectativa é explicada devido ao número de reivindicações que foram feitas. A proposta inicial previa oferecer à comunidade uma série de serviços capazes de atender as necessidades da população no mesmo local de moradia, mas, conforme as queixas, esse objetivo não foi alcançado.

De acordo com Suzete de Jesus, 39, ex-moradora de rua e uma das residentes do Loteamento Moradas da Lagoa, a visita da primeira-dama sinaliza novos tempos. “Temos certeza que agora seremos lembrados, já que o antigo governo abanou nossa comunidade”, disse, acrescentando que muitos dos moradores venderam suas casas por não terem emprego. “Eu não quero isso para mim”, complementou.

A esperança de Suzete de Jesus e de muitos outros moradores do local é que o novo governo possa intervir para que as fábricas instaladas no local ampliem a oferta de emprego, cumprindo assim uma das propostas iniciais do projeto.

Após conhecer as dependências do local, que possui salas para infocentro, Programa Saúde da Família (PSF), assessoria jurídica e serviço social, Fátima Mendonça ouviu atentamente as reivindicações dos moradores do local, considerando justa a cobrança das ações básicas para garantir emprego, educação, saúde e transporte.

Sensível às reclamações dos moradores, a presidente das Voluntárias mostrou disposição em ajudar, assumindo o compromisso de viabilizar parcerias que atendam as necessidades daquelas pessoas. “Inicialmente, estamos fazendo um diagnóstico da situação para que posteriormente, em parceria com outras secretarias e com a iniciativa privada, possamos criar mecanismos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas que se instalaram aqui”, assinalou Fátima Mendonça.

A presidente das Voluntárias Sociais assumiu o compromisso de fazer gestões junto às secretarias de Educação e Saúde para implantar uma escola de ensino médio e transformar a creche da comunidade em modelo. Fátima Mendonça quer também sensibilizar a iniciativa privada para instalar um curso pré-vestibular, além de fazer do serviço médico e odontológico uma prioridade.

É proposta dela levar para o local o programa Nossa Sopa, das Voluntárias Sociais, e estabelecer um diálogo com os empresários para garantir o trabalho àquela população. A primeira-dama ainda conheceu a creche comunitária, que cuida de 140 crianças de dois a quatro anos, e mostrou-se satisfeita com o trabalho.

Após conhecer a creche, a primeira-dama seguiu para a horta, onde os moradores cultivam alface, mostarda, couve, cebolinha e coentro. A visita de Fátima Mendonça ao local foi encerrada no Parque Empresarial da Lagoa, empreendimento que ocupa uma área de mais de 92 mil metros quadrados, dos quais cerca de 24 mil são destinados à construção de galpões, administração e refeitórios, e 11 mil para áreas verdes. Conforme o projeto, 14 indústrias não-poluentes deverão se implantar no local e, em pleno funcionamento, gerar cerca de 3 mil postos de trabalho diretos. 

Há dois anos funcionando no parque, a fábrica de móveis Tidelli é a mais antiga do local, absorvendo uma mão-de-obra de cerca de 200 pessoas, sendo 80% delas moradoras do loteamento e arredores.  Segundo Ana Maria Mandelli, uma das sócias da empresa, um dos pré-requisitos para instalação da Tidelli no parque foi admitir, preferencialmente, as pessoas que moram na área.

Para ela, isso terminou sendo uma vantagem tanto para o empregado quanto para os empregadores. “A idéia de aproveitar a mão-de-obra local é ótima porque contribui para uma melhor qualidade de vida dessas pessoas, permite a convivência com a família, economiza tempo e dinheiro”. Ana Maria disse sentir orgulho em poder ajudar essas pessoas a recuperarem sua dignidade. “Empregadas, elas têm oportunidade de conhecer seus direitos. Aprendem a ser cidadãs”.