O cineasta baiano Geraldo Sarno lança, no próximo dia 12, às 19 horas, no Teatro Castro Alves, o livro Cadernos do Sertão e o DVD pesquisa A Imagem Cinematográfica e o Artista Plástico Hélio de Oliveira. Com apoio da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, o livro e o DVD foram produzidos pelo Núcleo de Cinema e Audiovisual (NAU), com sede em Salvador e que tem por finalidade o estudo da linguagem cinematográfica e audiovisual.

Cadernos do Sertão traz uma série de projetos de documentação cinematográfica da cultura popular do sertão nordestino que Geraldo Sarno, durante o ano de 1967, formulou ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e ao Instituto Nacional de Cinema. Acompanha esses projetos transcrição da documentação oral gravada por equipes de cinema durante duas viagens que o cineasta fez ao sertão – em janeiro de 1967 e em janeiro de 1968.

Falam ali muitas e variadas vozes: coronéis políticos, operários que trabalham na construção da primeira hidrelétrica de Paulo Afonso e na fábrica de coser que o coronel Delmiro Gouveia construiu no sertão alagoano, além de poetas, cantadores, folheteiros, ceramistas, gravadores.

O vasto mundo da criatividade mais elaborada do povo do sertão se apresenta através da fala dos artistas, seja a partir da história individual de cada um ou, por exemplo, da reflexão do artesão filtrada em depoimentos e entrevistas.

O DVD pesquisa A Imagem Cinematográfica e o Artista Plástico Hélio de Oliveira é dividido em duas partes. Em uma, temos o registro de uma palestra proferida por Geraldo Sarno durante a Oficina para Desenvolvimento de Projetos do III Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro – DOCTV, realizada em Brasília entre 31 de maio e  de junho de 2006.

Sarno parte das idéias do filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) e do cineasta soviético Serguei Eisenstein (1898-1948) para formular uma interpretação bem original sobre a imagem cinematográfica e os elementos constitutivos de sua linguagem, como o plano e a montagem. Freud, mitologia latino-americana, Cortazar, Bressane. Generoso nas referências, o documentarista alinhava com desenvoltura e rigor uma estimulante diversidade de conceitos e idéias.

A segunda parte do DVD compila a pesquisa (entrevistas e depoimentos) sobre Hélio de Oliveira (1929-1962) conduzida pelo antropólogo Cláudio Pereira, do Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba, e por Geraldo Sarno. Artista plástico e assobá do extinto Terreiro do Ogunjá, Oliveira, que colaborou com o trabalho do cineasta Glauber Rocha no início dos anos 60, tem sua biografia reconstituída pelo testemunho de familiares, amigos, artistas e intelectuais. Entre os entrevistados, estão Vivaldo da Costa Lima, Cid Teixeira, Sante Scaldaferri, Juarez Paraíso, Ângelo Roberto, Sônia Castro e Dona Edna de Oliveira, irmã de Hélio e mãezinha (guardiã dos assentos) do antigo Terreiro do Ogunjá.

O conjunto do material contido no DVD configura um estágio inicial do processo de realização de uma obra cinematográfica. E, a julgar pelo que pode ser visto e ouvido, uma obra cinematográfica com o impacto e a importância de toda a filmografia do cineasta baiano.