Os chineses vão investir, fora de suas fronteiras, cerca de US$ 70 bilhões por ano mundo afora. Além disso, o país tem um excedente de capital de US$ 250 bilhões e registrou, em 2006, um superávit em sua balança comercial de quase US$ 180 bilhões, indicando a necessidade de elevar as importações para equilibrar suas contas externas. As informações compõem o cenário favorável à realização de negócios entre Brasil e China no momento atual, apresentado pelo consultor, jornalista e engenheiro Wladimir Pomar, presidente da BWP Projetos, Consultorias e Participações, que organiza a ida de empresários brasileiros à 8ª Feira do Ocidente da China – Chengdu/Sichuan, marcada para 25 a 28 maio próximo.

Pomar proferiu palestra hoje (dia 5), pela manhã, no auditório da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (Sicm) para empresários baianos convidados a integrar a comitiva brasileira que participará do evento chinês. O secretário da Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo, destacou a importância do encontro, iniciativa da prefeitura de Camaçari, em parceria com a Sicm. Segundo ele, é necessário aproveitar todas as oportunidades para conhecer e se aproximar de um mercado que cresce a uma média de 9% ao ano, com um imenso potencial de compras e investimentos.

As empresas que forem à China contarão com estandes para apresentação de produtos e recepção de empresários, realizarão ou participarão de seminários de apresentação, farão parte de rodadas de negócios e visitarão empresas locais. A província de Sichuan tem uma área de 438 mil km2, menor que os 565 mil km2 da Bahia, mas sua população é de 89 milhões de habitantes. Abriga mais de 40 empresas, entre hidrelétricas, siderúrgicas, indústrias químicas, metalúrgicas, elétricas, eletrônicas e agroindústrias, além de atividades na agricultura e pecuária.

O prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, também presente ao evento, anunciou que está sendo organizada uma missão de empresários e autoridades chinesas à Bahia, fruto de uma viagem realizada por ele e seu secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Djalma Machado. De acordo com Caetano, o ambiente naquela país é extremamente favorável, tanto à vinda de investidores quanto à realização de negócios por parte dos baianos, pois a China cresce muito rápido e é preciso aproveitar as oportunidades que eles oferecem.

Em sua explanação, Wladimir Pomar citou como problemas números que fariam o Brasil vibrar de felicidade: crescimento muito rápido (mais de 10% ao ano), altas taxas de poupança (superior a 40% do Produto Interno Bruto – PIB) e de investimento (40 a 45% do PIB), poupança em bancos de US$ 1,8 trilhão, reservas em moedas estrangeiras de US$ 1,0 trilhão e pressões sobre infra-estrutura e meio ambiente. Para sair dessa crise, será preciso reduzir o ritmo de crescimento para 7% a 8% ao ano, manter um comércio externo equilibrado, diminuir as taxas de e de investimento poupança para 30% a 35% do PIB e desenvolver a região Oeste.

Há muito interesse dos chineses em produtos agrícolas, alimentos e bebidas, tecnologias, equipamentos e máquinas, matérias-primas minerais, tecnologias diversas (com ênfase para meio ambiente e melhoria da produção agropecuária) e turismo. Aqui no Brasil, adiantou Pomar, os asiáticos já se disseram dispostos a investir em infraestrutura (portos, rodovias, ferrovias e outras obras), dentro de modelos como o das parcerias público-privadas (PPP).

Mas, alerta o jornalista, fazer negócios com os chineses não é simples nem fácil. Antes de mais nada, o empresário precisa se preparar para as negociações e a permanência no país, adotando estratégias apropriadas. Nas exportações é necessário pesquisar os mercados, levar em conta os hábitos culturais, encontrar parceiros para a distribuição (a China é composta por 56 etnias, ou nações, com uma grande diversidade de costumes), estar pronto para se instalar por lá e atrair investimentos. Nas importações é indispensável pesquisar os fornecedores, qualidades e preços, ter pessoal para controlar qualidade e embarques na China e também atrair investimentos.